Narrative development in childhood

Dissertação de mestrado em Psicologia, área de especialização em Psicologia Clínica.Desde sempre a humanidade tem partilhado os seus contos. Os povos ao longo da História tinham a figura do contador de histórias, aquele que levava a vida a todos através das palavras. Num mundo de que nos apropriamos construindo-o discursivamente, envoltos numa rede narrativa desde o primeiro choro ou sorriso, vamos ordenando, guardando, significando e reinventando as histórias com que nos fazemos pessoas. Neste sentido, a nossa proposta é aproximarmo-nos do modo como o acto narrativo se constrói durante a infância, etapa fundamental do desenvolvimento humano. A literatura sobre a narrativa na infância defende que as crianças contam histórias para compreender o mundo, os outros e a si mesmas, construindo deste modo significados e hipóteses para o funcionamento das coisas. Partimos, então, do pressuposto que a narrativa é um organizador central da experiência, quer ao nível de processos internos quer ao nível de processos interpessoais, e analisamos as narrativas de 122 crianças recrutadas do ensino regular, com um percurso desenvolvimental considerado normal, de idades compreendidas entre os 3 e os 10 anos de idade (organizadas em três grupos: 3-4 anos, 6-7 anos e 9-10 anos). As narrativas são analisadas quanto às suas três dimensões centrais, a saber Estrutura, Processo e Conteúdo, de acordo com um sistema de análise proposto por Gonçalves e colaboradores (2000, 2001). Os objectivos do presente estudo são (1) analisar as mudanças ao nível da coerência estrutural, da complexidade processual e da multiplicidade de conteúdo na construção narrativa ao longo da infância, (2) detectar possíveis diferenças de género nesta construção, e (3) reflectir sobre a influência de variáveis sócio-culturais no processo de construção narrativa. Os resultados demonstram existir evolução ao longo dos três grupos etários considerados para todas as dimensões narrativas analisadas, sobretudo entre o grupo 3-4 anos e os restantes dois grupos, sendo sempre mais pobres as narrativas das crianças mais pequenas em qualquer das dimensões analisadas. Não encontramos diferenças significativas entre as narrativas contadas pelas crianças do sexo feminino e masculino, assim como não encontramos resultados significativamente diferentes entre os níveis sócio-culturais analisados.Since the begining of times, mankind has shared its tales. Along history, different tribes had tha story-teller as a proeminent community member, the one who carried life to everyone through his words.In a world we approach through discursive construction, involved in a narrative net since the first cry or laughter, we order, save, attribute meaning and reinvent the stories which render us individuals. In this sense, our proposal is to approach the way the narrative act is built along childhood, a fundamental step in human development. Literature about narrative in childhood sustains that children tell stories in order to understand the world, the others and themselves, thus constructing meaning and hypothesis about the way things work. Our departure point is, that narrative is a central organizer in experience, both at internal and interpersonal processes, and we analized the narratives of 122 children recruited from regular school system, with a regular developmental trajectory, with ages between 3 and 10 years old (organized in three groups: 3-4 years, 6-7 years and 9-10 years). Narratives are analised accordingly to the Narrative Coding System proposed by Gonçalves et al. (2000, 2001) in its three dimensions: structure, process and content. The objectives of the present study are (1) to analyze changes in structural coherence, process complexity and content diversity in narrative across the ages, (2) to observe posible gender differences in this construction, and (3) to examine the influence of socio-cultural differences in the process of narrative construction. Results have shown that there is an evolution along the three age groups for all the narrative dimensions observed, especially between the 3-4 age group and the other two groups, younger children’s narratives being allways the poorer ones in any of the dimensions analyzed. We found no significant differences between the narratives told by male and female children, in the same way that there were no differences found between the socio-cultural levels considered