O CUIDADO COM A REPRESENTAÇÃO DA NEGRITUDE EM CENA: CORPOIMAGEM COMO GESTO DECOLONIAL

O artigo descreve e analisa o processo criativo de uma dança solo a partir de estudos sobre a exposição Levantes concebida por Georges Didi-Huberman. Durante o percurso da pesquisa, questões sobre o modo como se percebe uma imagem mobilizam reflexões acerca da reprodução da imagem da negritude pela mí­dia e suas reverberações na cena. Fundamentado em bell hooks, Franz Fanon e Grada Kilomba, um dos autores – o intérprete-criador-pesquisador – se percebe diante de um paradoxo: agressividade é sinal de resistência? O intérprete trilha uma jornada de encontro com um corpo-levante-negro percebido como um corpo permeado de riqueza, magnitude e delicadeza. Esse encontro é possí­vel por meio da mediação de práticas somáticas que lhe permitem cultivar outras percepções ou sentimentos de si. A pesquisa resulta em repertórios gestuais e matrizes corporais movidas por aquilo que a princí­pio se intitulou de violência poética, mas que passa a ser compreendida como gesto decolonial por implicar uma ação de cuidado com a representação do corpo negro em cena