Impacto das intervenções não-farmacológicas no desempenho motor de crianças com Síndrome de Down: revisão sistemática

A Síndrome de Down (SD) está normalmente associada a défices no desenvolvimento psicomotor que podem ser melhorados através de intervenções terapêuticas não-farmacológicas. O objetivo deste estudo foi sintetizar as evidências disponíveis que avaliam a eficácia das intervenções não-farmacológicas na melhoria do desempenho motor de crianças com SD. Foi realizada uma pesquisa em quatro bases de dados eletrónicas (PubMed, Scopus, EBSCO e Web of Science) e em bases de ensaios clínicos, para além da pesquisa manual para adicionar informações relevantes para a temática. A revisão abrangeu ensaios clínicos randomizados, que incluíram crianças com SD, dos zero aos 18 anos. Os resultados da eficácia das intervenções foram narrativamente sintetizados. Das 1649 referências identificadas, 24 foram incluídas com um total de 918 crianças com SD, sendo a maioria do sexo masculino. Os estudos investigaram o efeito de cinco formas de intervenção não farmacológicas, sendo elas a atividade física, a fisioterapia, a terapia ocupacional, realidade virtual e massoterapia. O desempenho motor global foi o outcome principal em cinco estudos, sendo que nos restantes foram avaliados subcomponentes deste. Todas as intervenções obtiveram resultados satisfatórios no objetivo delineado, sendo que os melhores resultados foram obtidos aquando de intervenções mais frequentes e prolongadas, em idades mais precoces. A partir dos estudos elegíveis foi possível concluir que as intervenções não farmacológicas devem ser implementadas precocemente para melhorar as habilidades e competências motoras desta população. Foi possível concluir que a melhoria do desempenho motor em crianças com SD varia consoante as características individuais da criança, assim como dos fatores ambientais e sociais a que a mesma está exposta, sendo que qualquer das intervenções testadas obtiveram resultados positivos