Atribuições parentais disfuncionais e stress parental : perspetiva de pais e mães de crianças em idade escolar

Dissertação de mestrado, Psicologia (Área de especialização em Psicologia Clínica e da Saúde - Psicologia Clínica Dinâmica), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2021Nesta investigação, dirigida para as atribuições parentais disfuncionais e o stress parental, pretende-se averiguar se existem variações nestas dimensões em função de variáveis sociodemográficas dos pais (sexo, nível de escolaridade e número de filhos) e da criança (sexo e idade), e analisar a relação entre ambas. Participaram no estudo 42 pais e 64 mães de crianças com idade escolar (6-12 anos). Foram utilizadas as versões portuguesas dos instrumentos Parent Cognition Scale e Parenting Stress Index - Short Form, e ainda um Questionário Sociodemográfico. Os resultados mostraram que não ocorrem variações nas dimensões em estudo com base no sexo parental e da criança, bem como no número de filhos, verificando-se, contudo, no grupo de pais variações com base na escolaridade parental e na idade da criança. No primeiro caso, os pais com 9 ou menos anos de escolaridade ou com o ensino superior (vs com o secundário), reportaram níveis mais elevados de atribuições parentais disfuncionais de causalidade com foco nos pais, e os pais com menos escolaridade (9 ou menos anos), reportaram níveis mais elevados de stress parental (subescala criança difícil), comparativamente com os que tinham mais escolaridade (ensino secundário ou superior); no segundo caso (idade), os pais das crianças com 6-8 anos reportaram níveis mais altos de stress parental face aos das crianças com 9-10 anos (subescala dificuldade parental), não se distinguindo dos pais das mais velhas (11-12 anos). Por fim, em ambos os grupos, as subescalas das atribuições parentais disfuncionais associaram-se positivamente com todas as medidas de stress parental, exceto com a subescala interação disfuncional no grupo dos pais. Os resultados dão um contributo para aprofundar o estudo das relações das atribuições parentais disfuncionais com o stress parental, apesar de não permitirem inferir causalidade, e sugerem a potencial influência de variáveis sociodemográficas específicas, em particular para os pais.This research, focusing on dysfunctional parental attributions and parenting stress, seeks to ascertain whether there are variations in these dimensions on the basis of parents’ (gender, level of schooling and number of children) and the child’s (gender and age) sociodemographic variables, and to analyze the relationship between both dimensions. 42 fathers and 64 mothers of school-aged children (6-12 years) participated in the study. The Portuguese versions of the Parent Cognition Scale and the Parenting Stress Index - Short Form were used along with a Sociodemographic Questionnaire. The results showed that there are no variations in the dimensions under study based on parent and child gender, and the number of children, however variations were observed in the group of fathers based on their schooling and age of the child. In relation to schooling, fathers with 9 or less years of schooling or with higher education (vs. secondary education), reported higher levels of dysfunctional parent-causal attributions, while fathers with lower levels of schooling (9 years or less), reported higher levels of parenting stress (difficult child subscale), compared to those with more years of schooling (secondary or higher education); in relation to the child’s age, fathers of children aged 6 to 8 years reported higher levels of parenting stress compared to fathers of children aged 9 to10 years (parental difficulty subscale), however they did not differ from the fathers of older children (11 to 12 years). Finally, in both groups, the dysfunctional parental attributions subscales were positively associated with all the measures of parenting stress, except with the dysfunctional interaction subscale in the fathers group. The results contribute to deepening the study of the relationship between dysfunctional parental attributions and parental stress, although they do not allow for causality to be inferred, and suggest the potential influence of specific sociodemographic variables, particularly for fathers