Covid-19 e o novo anormal: intersecções da pandemia com LGBTIfobia

A pandemia da COVID-19 tem impactos sanitários, políticos e econômicos que prejudicam a população LGBTI+, devido à discriminação contra a diversidade sexual e de gênero. No presente ensaio utilizamos o conceito de sindemia, oriundo das elaborações teóricas no contexto da epidemia do HIV/AIDS, para refletirmos acerca de intersecções entre LGBTIfobia e silenciamentos quanto aos impactos da COVID-19 e a falta de ações ou mesmo ausência de estratégias no campo das políticas públicas em saúde, que tenham reconhecido as demandas e desafios desse grupo vulnerabilizado em função de estereótipos e preconceitos sobre orientação sexual e identidade de gênero. Consideram-se fatores de risco em saúde aos quais a população LGBTI+, reconhecendo-se particularidades de sua pluralidade étnico-racial e sócio-econômica, esteve submetida ao longo do período de isolamento físico, apontando para a necessidade de maior preocupação dos gestores das políticas públicas para com esse grupo e a urgência de estudos aprofundados que ressignifiquem velhos discursos de normalidade