O rio que fala: o que falam os rios?

No poema-livro O gosto amargo dos metais, Prisca Agustoni tematiza o desastre ambiental que resultou na morte do rio Doce, ou rio Watu – como o chamam os indígenas krenak que sempre habitaram suas margens e o consideram um ancestral sagrado. E o faz de modo a transformá-lo em figura de um movimento de amplitude imagética e extensão sintática, que transtorna fronteiras discursivas e espaço-temporais, misturando memória mítica e histórica, luto e desejo, narração e convívio lírico-dramático de vozes, atualizando o poema longo como forma de experimentação estética e encenação de um novo modo de pensar e habitar a terra