Perspetivas atuais sobre o cancro oral

Dissertação para obtenção do grau de Mestre no Instituto Universitário Egas MonizO cancro de lábios e cavidade oral ocupa a 16ª posição dos cancros mais observados a nível mundial, sendo o carcinoma pavimento-celular da cavidade oral a entidade maligna mais frequente. Os principais fatores de risco promotores da carcinogénese são o tabaco, álcool, infeções virais, entre outros. Estes agentes, também estão associados com o desenvolvimento dum conjunto de alterações epiteliais com tendência estatística de transformação maligna denominados como Distúrbios orais potencialmente malignos. Os distúrbios mais observados na prática clínica incluem a leucoplasia, leucoplasia verrucosa proliferativa, eritroplasia, líquen plano oral e reações liquenóides orais. Cada um apresenta um risco intrínseco de transformação maligna, de acordo com os fatores preditores presentes. A maioria dos cancros orais são identificados em estadios iniciais pelo paciente que comparece na consulta à procura de aconselhamento, mas alguns podem ter um curso silencioso, derivando em diagnósticos tardios que levam a aumento da mortalidade e diminuem a taxa de sobrevivência aos 5 anos. A biópsia e o exame visual constituem a principal e mais efetiva modalidade diagnóstica, podem ser adicionados métodos adjuvantes para orientar os clínicos na tomada de decisões nas lesões duvidosas. As futuras direções no diagnóstico precoce estão orientadas no desenvolvimento de métodos não invasivos, como os baseados na deteção de biomarcadores tumorais presentes na saliva a partir de biópsia líquida com recurso a dispositivos point-of-care testing, de forma a ultrapassar as limitações dos métodos convencionais. Geralmente, a remoção cirúrgica do cancro oral com margens livres de tumor é suficiente, mas pode ser necessário o uso de terapias adjuvantes radioterapia ou quimioterapia, dependendo do caso. Pretende-se com este trabalho sintetizar os conhecimentos sobre epidemiologia, distúrbios orais potencialmente malignos mais frequentes, técnicas diagnósticas e adjuvantes; bem como das futuras orientações no diagnóstico precoce a partir da saliva.Lip and oral cavity cancer ranks 16th among the most common cancers worldwide, with oral cavity squamous cell carcinoma being the most frequent malignant entity. The main risk factors promoting carcinogenesis are tobacco, alcohol, viral infections, among others; also associated with the development of a set of epithelial changes with a statistical tendency of malignant transformation called Oral potentially malignant disorders. The disorders most seen in clinical practice include leukoplakia, proliferative verrucous leukoplakia, erythroplasia, oral lichen planus, and oral lichen reactions. Each of these presents an intrinsic risk of malignant transformation, according to the predictors present. Most oral cancers are identified at initial stages by the patient who attends the consultation seeking counseling, but some may have an asymptomatic course, deriving from late diagnoses that significantly affect mortality and survival rate at 5 years Biopsy and visual examination are the main and most effective diagnostic modality, adjuvant methods can be added to guide clinicians in making decisions in doubtful lesions. Future directions in early diagnosis are oriented towards the development of noninvasive methods, such as those based on the detection of tumor biomarkers present in saliva from liquid biopsy using point-of-care testing devices, to overcome the limitations of conventional methods. In most cases, surgical removal of oral cancer with tumor-free margins is sufficient, but it may be necessary to use adjuvant therapies radiotherapy or chemotherapy depending on the case. The aim of this work is to synthesize the knowledge about epidemiology, more frequent potentially malignant oral disorders, diagnostic techniques, and adjuvants; as well as future guidance on early saliva-based diagnosis