Apreciação da Funcionalidade Corporal, Autocompaixão e Qualidade de Vida: Um Estudo Transversal Entre Pessoas Com e Sem Doença Física Crónica

Dissertação de Mestrado em Intervenções Cognitivo-Comportamentais em Psicologia Clínica e da Saúde apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da EducaçãoEste estudo transversal explorou a forma como as duas psicologias da autocompaixão (atributos e ações) podem conduzir à qualidade de vida nos seus principais domínios (físico, psicológico e social) através da apreciação e respeito pela funcionalidade corporal. Esta análise foi realizada numa amostra de pessoas com e sem doença física crónica, controlando o efeito da idade. Explorámos as diferenças entre pessoas com (n = 304) e sem (n = 389) doença física crónica nos níveis de apreciação da funcionalidade corporal, autocompaixão e qualidade de vida. Os indivíduos responderam a um inquérito online, entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022, com as seguintes escalas: Escala dos Atributos e Ações Compassivas, Escala de Apreciação da Funcionalidade e QOL-BREF da Organização Mundial de Saúde. A análise path demonstrou que o envolvimento com o próprio sofrimento e os comportamentos de autocuidado conduzem a maior qualidade de vida, através da apreciação da funcionalidade corporal. Pessoas com doença física crónica reportaram menores níveis de apreciação da funcionalidade corporal e qualidade de vida e maiores níveis de atributos autocompassivos, quando comparadas com pessoas sem doença física crónica. Não foram encontradas diferenças nos níveis de ações autocompassivas. Os resultados demonstram a necessidade de promoção de competências autocompassivas para o respeito e apreciação da funcionalidade corporal, especificamente no contexto de doença física crónica, conduzindo a maiores níveis de qualidade de vida.This cross-sectional study aimed to explore how the two psychologies of self-compassion (engagement and actions) can lead to quality of life in its core domains (physical, psychological, and social) through an appreciative and respectful attitude toward the body’s functionality. This analysis was conducted in a mixed sample of people with and without chronic physical disease, while controlling the effect of age. The differences between people with (n = 304) and without (n = 389) chronic physical disease regarding their levels of body functionality appreciation, self-compassion, and quality of life were also explored. Individuals answered an online survey, between November 2021 and February 2022, and the following measures were used: Compassionate Engagement and Action Scales, Functionality Appreciation Scale, and World Health Organization’s QoL-BREF. Path analysis showed that engaging with own’s suffering and taking self-care behaviors leads to a higher quality of life, through body functionality appreciation. People with chronic physical disease reported lower levels of body functionality appreciation and quality of life and higher levels of self-compassionate actions, when compared to those without chronic physical disease. No differences were found in levels of self-compassionate engagement. Findings highlight the need to promote self-compassionate abilities to appreciate what one’s body does, specifically in the setting of chronic physical disease, which can lead to higher levels of quality of life