Tumores cardíacos em canídeos e felídeos domésticos

Dissertação de Mestrado Integrado em Medicina Veterinária, área científica de Sanidade AnimalOs tumores cardíacos são raros, tanto nos cães como nos gatos. Nos cães, o hemangiossarcoma é o mais frequentemente observado, estando o quemodectoma, o linfoma e o carcinoma da tiróide ectópica também entre as neoplasias cardíacas mais frequentemente reportadas. Nos gatos, o linfoma representa o tumor cardíaco mais comum. Para o diagnóstico de neoplasias cardíacas, pode recorrer-se a diferentes exames, mas, muitas vezes, o diagnóstico clínico baseia-se unicamente nas informações ecocardiográficas, nomeadamente, na localização da massa. Uma vez que a abordagem terapêutica mais adequada varia com o tipo de lesão presente, considerou-se relevante avaliar a acuidade do diagnóstico presuntivo com base na localização da mesma à ecocardiografia quando comparado com o diagnóstico histopatológico post-mortem num conjunto de casos com suspeita ecocardiográfica de massa cardíaca. Este estudo incidiu sobre um conjunto de 20 casos (18 cães e 2 gatos) com suspeita de massa cardíaca à ecocardiografia e diagnóstico histopatológico post-mortem. Os animais foram necropsiados pelos médicos-veterinários clínicos, que procederam ao envio dos órgãos/tecidos considerados relevantes para o Laboratório de Patologia Veterinária – VetPat ou para o Laboratório de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa. Em 50% (10/20) dos casos, não foi possível atribuir um diagnóstico presuntivo com base na localização da lesão à ecocardiografia e só em 50% (5/10) dos casos em que foi possível atribuí-lo é que este foi concordante com o diagnóstico histopatológico. A descrição ecocardiográfica da localização da lesão foi concordante com a descrição da mesma ao exame post-mortem do coração em apenas 50% (9/18) dos casos. O diagnóstico citológico coincidiu com o diagnóstico histopatológico em 40% (4/10) dos casos, discordou em 10% (1/10) e foi inconclusivo nos 50% restantes. Em dois dos quatro casos em que o diagnóstico citológico e histopatológico coincidiram, a análise imunohistoquímica não confirmou o diagnóstico morfológico. Os resultados obtidos revelam a fragilidade do diagnóstico clínico quando o único parâmetro considerado é a localização da lesão à ecocardiografia, sendo necessário o estudo de novos critérios e a introdução de novas metodologias que confiram maior segurança aos diagnósticos clínicos atribuídos.ABSTRACT - CARDIAC TUMORS IN DOMESTIC CANIDS AND FELIDS - Cardiac tumors are rare, both in dogs and cats. In dogs, hemangiosarcoma is the most frequently diagnosed cardiac tumor, while chemodectoma, lymphoma and ectopic thyroid carcinoma are also among commonly reported cardiac neoplasms. In cats, lymphoma is the most common cardiac tumor. Different techniques can be used in the diagnosis of cardiac neoplasms, but clinical diagnosis is often based solely on echocardiographic information, namely, location of the mass. Since the best therapeutic approach varies with the type of tumor, it was considered relevant to assess the accuracy of presumptive diagnosis based on location of the lesion on echocardiography when compared with post-mortem histopathological diagnosis in a group of cases with a suspected cardiac mass on echocardiography. This study focused on a group of 20 cases (18 dogs and 2 cats) with a suspected cardiac mass on echocardiography and post-mortem histopathological diagnosis. The animals were necropsied by the clinical veterinarians, who sent the organs/tissues considered relevant to the Veterinary Pathology Laboratory – VetPat or to the Laboratory of Pathological Anatomy of the Faculty of Veterinary Medicine, University of Lisbon. A presumptive diagnosis could not be assigned based on lesion location on echocardiography in 50% of cases (10/20). Only in 50% (5/10) of cases in which a presumptive diagnosis could be assigned based on the lesion location on echocardiography was this diagnosis concordant with the histopathological diagnosis. Only in 50% (9/18) of cases was echocardiographic description of lesion location concordant with its description on post-mortem examination. Cytological diagnosis agreed with histopathological diagnosis in 40% (4/10) of cases, disagreed in 10% (1/10) of cases, and was inconclusive in the remaining 50%. In two of the four cases in which the cytological and histopathological diagnosis coincided, immunohistochemical analysis did not confirm morphological diagnosis. These results reveal the fragility of clinical diagnosis when the only parameter considered is the location of the lesion on echocardiography, highlighting the need to study new criteria and new methods that can provide greater certainty when attempting a clinical diagnosis.N/