Para além da visão: um estudo sobre a adaptação de imagens fotográficas para a educação geográfica inclusiva

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Florianópolis, 2020.Nesta pesquisa, desenvolvida no programa de pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina, buscamos abordar os desafios do ensino de Geografia no que compete à inclusão dos estudantes com deficiência visual. Considerando esta uma ciência e componente curricular com renomada tradição visual, questionamos: como as imagens nos livros didáticos de Geografia podem ser acessíveis aos estudantes com deficiência visual? Quais características e condições precisam ser consideradas nos processos de adaptação destas imagens? Procurando responder estas questões trazemos como objetivo geral desta tese: desvendar os caminhos que conduzem à adaptação de imagens fotográficas na educação geográfica, para que possam ser compreendidas por estudantes com deficiência visual. Tecemos este estudo articulando referências sobre os conceitos de imagens, fotografia, semiótica, educação geográfica inclusiva, deficiência visual, percepção háptica, audiodescrição, elaboração conceitual, mediação e linguagem. Como percursos metodológicos, considerando a abordagem qualitativa, optamos por empregar a metodologia pesquisarCOM devido à necessidade de mobilizar estudos com o outro e não sobre o outro, pautados na ação e reflexão em prol de uma educação realmente inclusiva. Os procedimentos metodológicos empregados foram estudos bibliográficos, análise de livros didáticos, visitas técnicas e encontros com dois estudantes com deficiência visual. As análises dos dados foram efetuadas à luz das pesquisas desenvolvidas por Vigotski no campo da teoria Histórico-Cultural em diálogo com outros pesquisadores identificamos que, com a exposição constante e estímulos adequados, os estudantes com cegueira congênita podem não apresentar os atrasos na apropriação de noções espaciais projetivas e euclidianas, contrapondo a perspectiva defendida por Ochaita, Huertas e Espinosa (1991). Constatamos que a construção eficaz de uma imagem adaptada deve levar em conta três fatores: exploração tátil, audiodescrição didática e mediação cultural. Com base nestes dados, elaboramos uma metodologia para construção das imagens adaptadas, com as seguintes etapas: (a) planejamento, (b) confecção de protótipos, (c) construção das matrizes táteis, (d) elaboração da audiodescrição e (e) avaliação. Discutimos cada uma das etapas metodológicas, objetivando oferecer um modelo que possa ser replicado por por professores e outros profissionais. Por fim, elencamos orientações quanto ao uso das imagens adaptadas visando auxiliar o professor a trabalhar com este recurso.Abstract: In this research developed in the postgraduate program in Geography at the Federal University of Santa Catarina, we seek to address the challenges of teaching geography, which contributes to the inclusion of visually impaired students, considering that this is a science and curricular component with a renowned visual tradition, we question how the images in Geography textbooks can be accessible to visually impaired students? What characteristics and conditions need to be considered in the adaptation processes of these images? In order to answer these questions, we bring the general objective of this thesis: Unveil the paths that lead to the adaptation of photographic images in geographic education, so that they can be understood by students with visual impairments.We construct this study articulating references on Images, Photography, Perception, Audio description, Conceptual Elaboration, Mediation and Language. As methodological paths, considering the qualitative approach, we chose to use the PesquisarCOM methodology due to the need to mobilize studies with the other and not on the other, based on action and reflection for a truly inclusive education. The methodological procedures employed were bibliographic studies, textbook analysis, technical visits and meetings with two visually impaired students. Data analysis was carried out in the light of research carried out by Vigotski in the field of Historical Cultural theory and other researchers who composed the theoretical- methodological framework. As a result, we identified that constant exposure and appropriate stimuli students with congenital blindness may not present delays in the appropriation of spatial notions Projects and Euclidean counterparts in the perspective advocated by Ochaita, Huertas and Espinosa (1991). We found that the effective construction of an adapted image must considering three factors: tactile exploration, didactic audio description and cultural mediation. Based on these data, we developed a methodology for building the adapted images, with the following steps: (a) Planning, (b) Making prototypes, (c) Construction of tactile matrices, (d) Elaboration of Audio Description and (e) Evaluation. We discussed each of the methodological steps, aiming at replication by teachers and other professionals. Finally, we list guidelines on the use of adapted images in order to help the teacher to work with this resource