Programa VAMOS na atenção primária à saúde de Santa Catarina: barreiras para adoção percebidas por profissionais da saúde

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Desportos, Programa de Pós-Graduação em Educação Física, Florianópolis, 2021.O presente estudo objetivou avaliar as barreiras percebidas pelos profissionais da saúde para a adoção do Programa VAMOS, versão 3.0, na Atenção Primária à Saúde do estado de Santa Catarina. O VAMOS é um programa de mudança de comportamento que objetiva motivar as pessoas a adotarem um estilo de vida ativo e saudável em relação à atividade física e alimentação. Foi realizada uma pesquisa qualitativa com 33 profissionais da saúde que atuavam da APS, previamente certificados por um treinamento on-line para implementar o VAMOS, mas que não adotaram o programa. Os dados foram coletados por meio de um formulário eletrônico (Google Forms) que continha 25 questões. Para caracterização da amostra foi utilizada análise estatística descritiva (frequência, média e desvio padrão) realizada na planilha eletrônica do Excel. Análise qualitativa foi realizada no software QSR Nvivo® 12.0 por meio da análise de conteúdo descritiva usando como base o modelo Consolidated Framework for Implementation Research (CFIR) que descreve constructos categorizados em cinco domínios: características da intervenção, configuração externa, configuração interna, características individuais dos envolvidos e processo de implementação. Dos 33 profissionais da saúde, 93,93% (n=31) eram mulheres, em média com 41,5 anos (DP=21,92), 78,78% (n=26) tinham especialização e 30,30% (n= 10) trabalhavam na APS no máximo 3 anos. Os resultados apresentaram barreiras organizacionais para não adoção do programa em quatro domínios do CFIR: configuração externa - baixo interesse da população; configuração interna - a falta de tempo/horário compatível, falta de estrutura física para implementar o programa, rotatividade profissional, sobrecarga de trabalho, desentendimento com a gestão e logística de trabalho; características individuais - insegurança, não ter hábitos exemplares para o perfil do programa e entender que o programa não era adequado para o setor saúde; e, processo - falta de poio da gestão/equipe, ações semelhantes na unidade de saúde e dificuldade na divulgação. No contexto individual, os profissionais relataram problemas pessoais e cuidados com a saúde. Apesar das barreiras 78,79% (n= 26) dos profissionais relataram interesse de implementar o programa futuramente. De acordo com os dados analisados, concluiu-se que a maioria das barreiras estavam relacionadas a questões organizacionais. Os fatores relacionados às barreiras estavam interligados, principalmente quanto a estrutura da organização, ao planejamento, ao trabalho em equipe e a definição de funções.Abstract: This study aimed to assess the barriers perceived by health professionals to adopt the VAMOS Program, version 3.0, in Primary Health Care in the state of Santa Catarina. VAMOS is a behavior change program that aims to motivate people to adopt an active and healthy lifestyle in relation to physical activity and nutrition. A qualitative research was carried out with 33 health professionals who worked in the PHC, previously certified by online training to implement VAMOS, but who did not adopt the program. Data were collected through an electronic form (Google Forms) that contained 25 questions. Descriptive statistical analysis (frequency, mean and standard deviation) was used to characterize the sample, carried out in an Excel spreadsheet. Qualitative analysis was performed in the QSR Nvivo® 12.0 software through descriptive content analysis using the Consolidated Framework for Implementation Research (CFIR) model as a basis, which describes constructs categorized into five domains: intervention characteristics, external configuration, internal configuration, individual characteristics stakeholders and implementation process. Of the 33 health professionals, 93.93% (n=31) were women, with an average of 41.5 years (SD=21.92), 78.78% (n=26) had specialization and 30.30% (n= 10) worked in the PHC for a maximum of 3 years. The results showed organizational barriers for not adopting the program in four domains of the CFIR: external configuration (low interest of the population); internal configuration (lack of compatible time/schedule, lack of physical structure to implement the program, professional turnover, work overload, misunderstanding with management and work logistics); individual characteristics (insecurity, not having exemplary habits for the program's profile and understanding that the program was not suitable for the health sector); and, process (lack of support from the management/team, similar actions in the health unit and difficulty in dissemination). In the individual context, professionals reported personal problems and health care. These barriers were not analyzed using the CFIR, as they are not related to the intervention. Despite the barriers reported, 78.79% (n=26) of professionals reported interest in implementing the program in the future. According to the data analyzed, it was concluded that most barriers were related to organizational issues. Factors related to barriers were interconnected, mainly regarding the organization's structure, planning, teamwork and definition of roles