(Des)igualdades de género no acesso à liderança no setor automóvel

O estudo da temática do género é um tema tão atual quanto recorrente, sendo que em Portugal, ainda é evidente a lenta evolução. A sociedade reconhece que o acesso à liderança, estará ligado diretamente ou indiretamente ao género, devido aos estereótipos criados, mas também às barreiras e desafios durante a trajetória profissional. Assim o presente estudo tem como principal objetivo, analisar a trajetória profissional tendo como propósito compreender os desafios e barreiras no acesso a cargos de liderança no setor automóvel, através da abordagem utilizada: a qualitativa, fundamentada com uma revisão da literatura intensa. Foram realizadas, cinco entrevistas semidiretivas, adotando a técnica “bola de neve”, até à saturação da recolha de dados, tendo em conta que não foram encontradas e acrescentadas novas informações, por parte das entrevistadas e dos entrevistados, relevantes para a compreensão do fenómeno em causa. Os resultados obtidos com base nas variáveis estudadas, demonstram que a desigualdade de género no acesso a cargos de liderança no setor automóvel persiste, nomeadamente, pesando para o lado das mulheres, onde os homens continuam a ter mais oportunidades, com menos desafios e barreiras. No critério de diversidade da amostra, as entrevistadas e os entrevistados, ao nível sociodemográfico, possuem diferentes áreas de formação. A trajetória profissional, também demonstrou ser distinta em algumas entrevistas, pois apesar do grupo entrevistado trabalhar no setor há mais de vinte anos, nem todos iniciaram a sua carreira neste setor. Relativamente aos estereótipos de género, os resultados apontam que ainda são existentes no setor automóvel, bem como a perceção das entrevistadas e das entrevistas, relativamente à segregação sexual, tanto na dimensão horizontal como vertical. Os estilos de liderança, são também identificados pelas entrevistadas e entrevistados, referindo que as mulheres e homens, possuem diferentes formas de liderar. Por fim, na conciliação da vida pessoal com a vida profissional, constatou-se que alguns entrevistados e entrevistadas, possuem apoio informal nas tarefas domésticas, contudo, partilham as tarefas com a sua família/cônjuge e o tempo utilizado para os hobbies, não é suficiente. Na esfera da vida pessoal, o spillover negativo, está também presente no estudo em causa.The study of gender is a topic as current as it is recurrent, and in Portugal, the slow evolution is still evident. Society recognizes that access to leadership will be linked directly or indirectly to gender, due to the stereotypes created, but also to barriers and challenges during the professional trajectory. However, the main objective of this study is to analyze the professional trajectory with the purpose of understanding the challenges and barriers in accessing leadership positions in the automotive sector, through the approach used: the qualitative, based on an intense literature review. Five semi-directive interviews (two women; three man) were carried out, adopting the "snowball" technique, until the data collection was saturation, whereas that no new information was found and added, by the interviewees, relevant to the understanding of the phenomenon in cause. The results obtained in relation to the variables studied, indicate that inequality in access to leadership positions in the automotive sector persists, namely, weighing on the side of women, where men continue to have more opportunities, with less challenges and barriers. In the criterion of sample diversity, the interviewees, at the sociodemographic level, have different areas of training. In some interviews, the professional career also proved to be different. Not all the interviewees started in the automotive sector, despite working in the sector for more than twenty years. According to gender stereotypes, the results indicate that they still exist in the automotive sector, as well as the perception of the interviewees, regarding sexual segregation, both in the horizontal and vertical dimensions. The leadership styles are also identified by the interviewees (women; man), referring that women and men have different ways of leading. Finally, in reconciling personal and professional life, it was found that some interviewees have informal support in housework, however, they share the tasks with their family/spouse and the time used for hobbies is not enough, according to them. In the sphere of personal life, negative spillover is also present in the study in question