Tecnologia de edição genética CRISPR/Cas na prevenção e tratamento dos carcinomas da cabeça e do pescoço causados por HPV : revisão sistemática

Dissertação para obtenção do grau de Mestre no Instituto Universitário Egas MonizIntrodução: Tem sido registado um aumento da incidência dos cancros da cabeça e pescoço positivos para o Papiloma vírus (HPV), em países desenvolvidos, na população mais jovem. Estes tipos de cancros são tratados com recurso a métodos convencionais, comprometendo significativamente a qualidade de vida dos pacientes. A terapia de edição genética focada na inativação do HPV pode contribuir para a prevenção e terapêutica deste tipo de cancros. Neste trabalho reviu-se de forma crítica os estudos mais recentes relativos à aplicação da tecnologia de edição genética CRISPR/Cas na prevenção e tratamento dos cancros HPV-positivos, incluindo os da cabeça e pescoço. Metodologia: A pesquisa de publicações relevantes baseou-se nos critérios PRISMA e foi realizada essencialmente na base de dados PubMed. Foram incluídos estudos publicados entre 2018 e 2022 que reportem o uso de CRISPR/Cas como método de edição genética para tratar carcinomas HPV-positivos. Resultados e discussão: Foram identificados inicialmente 199 artigos e após a remoção de duplicados restaram 107 artigos para análise. Após uma rigorosa triagem, obtiveram-se 25 estudos, dos quais 24 descrevem estudos feitos in vitro e apresentaram efeitos significativos na indução da apoptose, redução da viabilidade celular e/ou inibição da proliferação celular e 18, descrevem estudos feitos em animais e demonstraram redução do tamanho tumoral sem evidência de reações tóxicas ao nível dos órgãos vitais. A heterogeneidade dos estudos dificultou a interpretação dos dados e o facto de a maioria dos estudos se realizar em linhas de células de carcinoma cervical, não permite extrapolar os resultados para outros tipos de carcinoma. Conclusão: O CRISPR/Cas, de forma geral, mostrou ser uma ferramenta eficaz e específica para prevenir e tratar carcinomas HPV-positivos. Contudo, são necessários mais estudos em modelos animais mais semelhantes ao homem, por exemplo primatas não humanos, para se perceber se esta ferramenta pode ser aplicada com segurança em humanos.Introduction: In the younger population there has been registered an increase in the incidence of head and neck cancers positive for Papillomavirus (HPV) in developed countries. These types of cancers are treated with conventional methods, significantly compromising patients’ quality of life. Gene editing therapy focused on HPV inactivation can contribute to the prevention and treatment of these cancers. In this work, the most recent studies which report the application of CRISPR/Cas as a gene editing tool for the prevention and treatment of HPV-positive cancers, including head and neck cancers, were critically reviewed. Methodology: The search of relevant publications was based on PRISMA criteria and was carried out essentially on PubMed database. Studies published between 2018 and 2022 that report CRISPR/Cas as a gene editing method to treat HPV-positive carcinomas were included. Results and discussion: Initially, 199 articles were identified, and 107 articles remained for analysis after removing duplicates. After a rigorous screening, 25 studies were obtained, where 24 describe studies carried out in vitro and showed significant effects on inducing apoptosis, reducing cell viability and/or inhibiting cell proliferation and where 18 describe studies carried out in animals and demonstrated a reduction in tumour size without evidence of toxic reactions on vital organs. The heterogeneity of the studies was a limitation for data interpretation and the fact that most studies were carried out in cervical carcinoma cell lines does not allow to extrapolate the result to other types of carcinomas. Conclusion: CRISPR/Cas, in general, proved to be an effective and specific tool to prevent and treat HPV-positive carcinomas. However, further studies in animal models more similar to humans are needed, for example non-human primates, to understand whether this tool can be safely applied to humans