O Jardim de Inverno: Dispositivo espacial de regulação térmica no Espaço Doméstico

Esta dissertação aborda uma arquitetura responsiva ao clima através de estratégias passivas, tendo como objeto de estudo o Jardim de Inverno (ou Estufa) como dispositivo espacial de regulação térmica. O interesse por este espaço provém do seu caráter habitável, que através da condição atmosférica entre o exterior e o interior, apresenta um potencial transformador espacial. A análise desta ferramenta bioclimática desenvolve-se em torno do espaço doméstico. A atualidade deste tema decorre do contraste com uma arquitetura cada vez mais tecnológica, que em busca do conforto se encerra no interior e depende de climatização artificial, suprimindo o potencial do lugar. Com efeito, resultam espaços menos saudáveis, menos adequados e com elevado consumo energético. O Jardim de Inverno teve um forte impacto ao longo da história, principalmente ao longo do séc. XIX, renovando o estilo de vida e a vivência do doméstico. O seu caráter luminoso e térmico deixou de ser apenas aproveitado para o cultivo de plantas e começou a ser visto pelas suas qualidades espaciais. Com efeito, simultaneamente a uma abordagem histórica, propõe-se uma leitura classificativa dos três tipos de apropriação que pode assumir no espaço doméstico - a Estufa fora, a Estufa adjacente e a Estufa como casa. Estas matrizes reveem-se em projetos de Lacaton & Vassal e Jourda & Perraudin como representação da apropriação contemporânea da Estufa na sua forma pura. Não obstante, este dispositivo apresenta uma enorme flexibilidade de integração na arquitetura e, motivado pela prática arquitetónica dos Harquitectes, pretende-se deixar em aberto o universo de formas que poderá adotar como estratégia de climatização passiva eficaz.This thesis addresses a climate-responsive architecture through passive strategies, having as its study object the Winter Garden (or Greenhouse) as a spatial device of thermal regulation. Its habitable nature, which presents strong potential for space transformation through its atmospheric condition between the outdoors and the indoors, piqued notable interest. The analysis of this bioclimatic tool unfolds around the domestic space. The contemporaneity of this theme arises from its contrast with an increasingly technological architecture, which in search of comfort encloses itself and depends on artificial conditioning, suppressing the site's potential. As a result, spaces become less healthy, less adequate and with high energy consumption. The Winter Garden has had a strong impact throughout history, especially during the 19th century, renewing domestic lifestyle and experience. Its luminous and thermal characteristics were no longer only used to grow plants but also began to be seen for their spatial qualities. Thus, alongside an historical approach, a classifying interpretation of the three types of appropriations within the domestic space - the outer Greenhouse, the adjacent Greenhouse and the Greenhouse as a home - is proposed. These types can be found in projects by Lacaton & Vassal and Jourda & Perraudin as a representation of the contemporary appropriation of the Greenhouse in its pure form. Nevertheless, this device offers exceptional flexibility of architectural integration. Therefore, driven by the architectural practice of Harquitectes, the universe of forms it can adopt as an effective passive thermal strategy is left open