Teleodontologia síncrona como ferramenta para avaliação de pacientes portadores de disfunções temporomandibulares

Orientador: Prof. Dr. Cassius Carvalho Torres-PereiraCoorientadores: Profa. Dra. Priscila Brenner Hilgenberg Sydney e Prof. Dr. Daniel BonottoDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Odontologia. Defesa : Curitiba, 01/08/2022Inclui referênciasResumo: O rápido desenvolvimento de tecnologias em comunicação permitiu uma melhora substancial da acurácia e viabilidade do uso dessas ferramentas para o diagnóstico remoto. O objetivo desse estudo foi avaliar a viabilidade e concordância diagnóstica da teleconsulta síncrona em comparação ao exame clínico presencial na especialidade de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Sessenta e um pacientes (50 mulheres; 11 homens) com idade média de 46,07 anos encaminhados para o Serviço Ambulatorial de Dor Orofacial (SAMDOF – UFPR) foram inicialmente avaliados remotamente através de uma videochamada em um aplicativo de smartphone - WhatsApp seguindo um roteiro adaptado do Critério Diagnóstico para Disfunções Temporomandibulares (DC/TMD). Em seguida, os pacientes foram examinados por um avaliador presencial, cego para a primeira avaliação, considerado padrão de referência para diagnóstico dessas condições. O diagnóstico para ambas as avaliações foi obtido de forma padronizada a partir dos construtos disponíveis na Árvore de Decisão Diagnóstica Interativa do aplicativo NeuroUp. Além disso, dados sobre a experiência e satisfação com o modelo remoto foram coletados. Para cada tipo e subtipo de DTM, valores de concordância diagnóstica, sensibilidade, especificidade, valores preditivos positivos e valores preditivos negativos, foram calculados com intervalo de confiança de 95%. Foi encontrada concordância "quase perfeita" para Mialgia (k=0.915; S 98%; E 94%; VPP 98%; VPN 94%), Artralgia (k=0.863; S 100%; E 85%; VPP 90%; VPN 100%), Deslocamento de Disco sem Redução sem limitação de abertura (k=0.955; S 100%; E 98%; VPP 93%; VPN 100%) e Sem DTM – Controle (k=1.00; S 100%; E 100%; VPP 100%; VPN 100%). Concordância "substancial" para os subtipos Cefaleia atribuída a DTM (k=0.761; S 73%; E 98%; VPP 89%; VPN 94%), Deslocamento de disco sem redução com limitação de abertura (k=0.659; S 50%; E 100%; VPP 100%; VPN 98%) e Subluxação (k=7.82; S 80%; E 98%; VPP 80%; VPN 98%). Os diagnósticos de Mialgia local (k=0.573; S 79%; E 78%; VPP 77%; VPN 81%), Dor Miofascial com referência (k=0.524; S 62%; E 89%; VPP 67%; VPN 87%) e Deslocamento de disco com redução (k=0.563; S 93%; E 60%; VPP 83%; VPN 80%) obtiveram concordância "moderada". Doença articular degenerativa (k=0.170; S 33%; E 84%; VPP 33%; VPN 84%) e Deslocamento de disco com redução com travamento intermitente (k=0.000; S 0; E 98%; VPP 0; VPN 100%) obtiveram concordância "fraca" e "sem concordância", respectivamente. Dos 61 participantes, 90% (n=55) aceitariam participar de nova teleconsulta e 92% (n=56) relataram que não houve desconforto durante a avaliação remota. Evitar deslocamentos (47,5%) foi a principal vantagem relatada, seguida por ser tratado mais rápido (29,5%) e menos faltas no trabalho (16,4%). Sobre o nível de satisfação, 38% (n=23) e 57% (n23) relataram estar muito satisfeitos e satisfeitos, respectivamente. A teleconsulta síncrona mostrou ser viável e com concordância diagnóstica adequada para o diagnóstico das principais DTMs dolorosas, especialmente para os diagnósticos de mialgia e artralgia, além de apresentar boa aceitação entre os pacientes.Abstract: The recent development of communication technologies has allowed a substantial improvement in the accuracy and feasibility of the use of these tools for remote diagnosis in dentistry. The aim of this study was to evaluate the feasibility and diagnostic agreement of synchronous teleconsultation compared to physical standard examination for temporomandibular disorders and orofacial pain. Sixty-one patients (50 women; 11 men) with a mean age of 46.07 years referred to the Orofacial Pain Ambulatory Service (SAMDOF - UFPR) were initially evaluated remotely through a video call on a smartphone application – WhatsApp – following a script adapted from the Diagnostic Criteria for Temporomandibular Disorderss (DC/TMD). Then, the patients were examined by an evaluator in person, blinded for the first evaluation, considered a reference standard for the diagnosis of these conditions. The diagnosis for both assessments was obtained in a standardized way from the constructs available in the Interactive Diagnostic Decision Tree of the NeuroUp application. In addition, data on experience and satisfaction with the remote model were also collected. For each type and subtype of TMD, diagnostic agreement values, sensitivity, specificity, positive predictive values and negative predictive values were calculated with a 95% confidence interval. "Almost perfect" agreement was found for Myalgia (k=0.915; S 98%; E 94%; PPV 98%; NPV 94%), Arthralgia (k=0.863; S 100%; E 85%; PPV 90%; NPV 100%), Disc displacement without reduction without limited opening (k=0.955; S 100%; E 98%; PPV 93%; NPV 100%) and No TMD - Control (k=1.00; S 100%; E 100%; PPV 100%; NPV 100%; NPV 100%). "Substantial" agreement for the subtypes Headache attributed to TMD (k=0.761; S 73%; E 98%; PPV 89%; VPN 94%), Disc displacement without reduction with limited opening (k=0.659; S 50%; E 100%; PPV 100%; VPN 98%) and Subluxation (k=7.82; S 80%; E 98%; PPV 80%; VPN 98%). The diagnoses of Local myalgia (k=0.573; S 79%; E 78%; PPV 77%; VPN 81%), Myofascial pain with referral (k=0.524; S 62%; E 89%; PPV 67%; VPN 87%) and Disc displacement with reduction (k=0.563; S 93%; E 60%; PPV 83%; VPN 80%) obtained "moderate" agreement. Degenerative joint disease (k=0.170; S 33%; E 84%; PPV 33%; NPV 84%) and Disc displacement with reduction with intermittent locking (k=0.000; S 0; E 98%; PPV 0; NPV 100%) obtained "weak" and "no agreement", respectively. Of the 61 participants, 90% (n=55) would agree to participate in another teleconsultation and 92% (n=56) reported that there was no discomfort during the remote assessment. Avoiding travel (47.5%) was the main advantage reported, followed by being treated faster (29.5%) and fewer absences from work (16.4%). Regarding the level of satisfaction, 38% (n=23) and 57% (n23) reported being very satisfied and satisfied, respectively. Synchronous tele-consultation proved to be feasible and with adequate diagnostic agreement for the diagnosis of the main painful TMDs, especially for the diagnoses of myalgia and arthralgia, and showed good acceptance among patients