PATRIMÔNIO RELIGIOSO: IDENTIFICAÇÃO E PRESERVAÇÃO DE IGREJAS EM MADEIRA NA REGIÃO EXTREMO OESTE DE SANTA CATARINA

Introdução: O estado de Santa Catarina foi ocupado por diversos movimentos migratórios. A região Extremo Oeste, por sua vez, a partir da atuação de empresas colonizadoras, foi organizada em comunidades de pequenas propriedades rurais, com a previsão de lotes para igreja, escola e centro comunitário. Como a religião consistia em um dos principais fatores de influência na formação de uma comunidade, mesmo antes da chegada dos padres, a maioria delas já construía pequenas capelas em madeira que serviam de ponto de encontro para os moradores e reforçavam a religiosidade. Ao longo dos anos, a construção de novas igrejas foi estimulada, porém, o uso da madeira permaneceu, já que consistia em um material abundantemente explorado e utilizado. Objetivo: Neste contexto, objetivou-se documentar capelas e igrejas em madeira nos municípios da região Extremo Oeste, analisando características de composição arquitetônica, estados de conservação, materiais e sistemas construtivos, bem como possíveis intervenções realizadas ao longo do tempo. Método: Para o desenvolvimento da pesquisa, utilizou-se uma abordagem qualitativa de caráter exploratório e explicativo. Os procedimentos técnicos de coleta de dados abrangeram a pesquisa teórica e a pesquisa de campo, sendo que a primeira buscou conhecer as principais contribuições teóricas existentes sobre os temas de interesse e a segunda utilizou de técnicas de observação e visitas exploratórias nos municípios da região de abrangência, mapeando a existência das edificações, além de entrevistas informais. A pesquisa foi realizada em duas etapas, entre 2020 e 2022, sendo identificadas oito edificações na primeira etapa e seis edificações na segunda etapa. Todas as edificações foram registradas por meio de levantamento histórico e fotográfico, e os dados foram sistematizados em fichas de inventário de reconhecimento. Resultados: A partir do mapeamento, identificou-se exemplares da arquitetura religiosa cujos aspectos singulares remontam ao período de ocupação de suas comunidades: em São João do Oeste, Igreja São João Berchmans; em Itapiranga, Igreja São Rafael de Linha Popi; em Guaraciaba, Igreja São José Operário de Linha Tigre, Igreja Nossa Senhora Aparecida de Linha Aparecida e Igreja São Paulo de Linha Mirim; em Iporã do Oeste, Igreja Sagrado Coração de Jesus de Linha Jacutinga, Igreja Imaculada Conceição de Linha Quilombo e Igreja São Luiz de Linha São Luiz; em São Miguel do Oeste, Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil Congregação Cristo Redentor de Linha Alto Guamerim, Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil Congregação São João de Linha Sete de Setembro e Igreja Santa Rosa de Lima de Linha Filomena; em Santa Helena, Igreja Nossa Senhora da Saúde de Linha Cantina, Igreja Nossa Senhora de Lurdes de Linha Imperial e Igreja Nossa Senhora do Rosário de Linha Cantina Alta. Conclusão: As capelas e igrejas identificadas, mesmo em diferentes contextos de inserção e estados de conservação, representam materialmente os processos de desenvolvimento social e econômico de suas comunidades, consistindo em notáveis exemplares de arquitetura religiosa em madeira, com evidente valor arquitetônico e histórico. Portanto, integram o patrimônio cultural dos seus municípios, estando presentes na memória social e coletiva e fazendo parte da identidade cultural local