Hábitos alimentares e perceções sobre consumo de açúcar em estudantes universitários: um estudo qualitativo

O consumo excessivo de açúcar tem-se tornado um problema alarmante na população mundial, incluindo Portugal, pois está associado a diversas doenças que têm impacto no bem-estar físico e psicológico dos indivíduos. Porém, as perceções dos consumidores relativamente a essa ingestão excessiva têm sido pouco exploradas, particularmente, na população portuguesa. Este estudo utilizou uma metodologia qualitativa através da realização de cinco grupos focais, em que participaram 40 estudantes universitários, e nos quais se procuraram explorar aspetos relacionados com os hábitos alimentares e consumo de açúcar. Através de uma análise temática procurou-se identificar os principais determinantes dos hábitos alimentares dos participantes, compreender os fatores que influenciam e determinam o consumo de produtos processados com açúcares adicionados e explorar a perceção que os participantes têm a respeito da ingestão excessiva de açúcar. A falta de tempo e a disponibilidade de produtos apreciados pelos participantes foram apontados como fatores que determinam os seus hábitos alimentares. O prazer proporcionado e a perceção de que o açúcar é uma fonte útil de energia influenciam o consumo de produtos processados com açúcares adicionados. Apenas alguns participantes revelaram estar preocupados com o consumo excessivo de açúcar, sendo que a despreocupação, para outros, advém da ilusão de invulnerabilidade associada à idade, à prática de desporto ou de um regime alimentar específico. O presente trabalho constitui um contributo para o conhecimento mais aprofundado do problema atual da ingestão excessiva de açúcar, em Portugal, podendo ser utilizado no desenvolvimento de intervenções com vista à redução desse consumo entre estudantes universitários.Excessive sugar consumption has become an alarming problem worldwide, including Portugal, as it is associated with various diseases that have an impact on the physical and psychological well-being of individuals. Although the consumers' perceptions about its consumption have been little explored, particularly, in the Portuguese population. This study used a qualitative methodology, with 40 university students participating in five focus groups, to explore aspects related to eating habits and sugar consumption. We conducted a thematic analysis to identify the main determinants of participants' eating habits, to understand the factors that influence and determine the consumption of products processed with added sugars, and to explore participants' perceptions of excessive sugar intake. The lack of time and the availability of products they like were indicated as factors that determine the eating habits of these students. The pleasure and the perception that sugar is a useful source of energy influence the consumption of processed products with added sugars. Only a few participants were concerned about excessive sugar consumption, and the concern for others comes from the illusion of invulnerability associated with age, sports practice or a specific diet. This study contributes to a deeper understanding of the current problem of excessive sugar intake in Portugal and may inform the development of future interventions aimed to reduce sugar consumption among university students