Espiroquetoses zoonóticas: Diagnóstico convencional Versus novas abordagens moleculares

A leptospirose é uma doença infeciosa, bacteriana, de carácter zoonótico, causada por espiroquetas do género Leptospira. Estas bactérias, têm nos roedores os seus reservatórios naturais, os quais infetam os humanos através da urina que excretam para o ambiente. O diagnóstico laboratorial da leptospirose na rotina é preferencialmente feito no soro, através do teste de aglutinação microscópica (Teste de referência da OMS), podendo ser também detetado DNA leptospírico, no entanto, este último apenas quando solicitado e em amostras de urina. O objetivo deste trabalho foi procurar integrar as várias abordagens do diagnóstico laboratorial e de investigação da leptospirose, partindo de testes iniciais de rastreio e de referência (métodos indiretos) de modo a poder compreender-se a cinética de anticorpos específicos contra leptospiras a par da pesquisa direta (presença do respetivo DNA). Utilizou-se um total de 100 amostras (50 de soro e 50 de urina) de igual número de doentes, as quais foram avaliadas, utilizando protocolos de PCR (nested e convencional), com primers universais para o gene rrs, para o género, e os genes lipL32 e hap1 para espécies patogénicas de Leptospira, e testes serológicos. Os resultados, foram comparados com os inicialmente obtidos a pedido dos Clínicos, tendo-se verificado a presença de DNA leptospírico (9+/50; 18%) em amostras de soro, cuja abordagem anterior, havia sido negativa pela TAM, uma vez que esta metodologia não faz parte da rotina. Com base nos resultados obtidos foi demonstrada a importância de incrementar a inter-relação dos Clínicos com o laboratório, de modo a conseguir-se realizar uma abordagem integrada das várias técnicas disponíveis, de acordo com a evolução da doença, obtendo-se assim um resultado mais fiável para o doente. É considerar ainda a possibilidade de algumas das referidas amostras poderem ter DNA de espécies intermédias de Leptospira, não detetadas pelos primers específicos para Leptospiras patogénicas.Leptospirosis is an infectious, bacterial, zoonotic disease caused by spirochetes of the genus Leptospira. These bacteria have rodents as natural reservoirs, which infect humans through urine excreted into the environment. The routine laboratory diagnosis of leptospirosis is preferably done in serum, through the microscopic agglutination test (WHO reference test), but leptospiral DNA can also be detected, however, only when requested and in urine samples. The aim of this study was to try to integrate the various approaches to laboratory diagnosis and investigation of leptospirosis, starting with initial screening and reference tests (indirect methods) in order to understand the kinetics of specific antibodies against Leptospira together with direct methods (detection of the respective DNA). A total of 100 samples (50 sera and 50 urine) from an equal number of patients were used and evaluated using PCR protocols (nested and conventional) with universal primers targeting the rrs gene for the genus and the lipL32 and hap1 genes for pathogenic Leptospira species, and serological tests. The results were compared with those initially obtained at the request of the Clinicians, and the presence of leptospiral DNA was verified (9+/50; 18%) in serum samples, which in a previous approach had been negative by TAM, as this methodology is not part of the routine. Based on the results obtained, the importance of increasing the interrelation between clinicians and the laboratory was demonstrated, in order to achieve an integrated approach of the various techniques available, according to the evolution of the disease, thus obtaining a more reliable result for the patient. It is also important to consider the possibility that some of these samples may have DNA from intermediate Leptospira spp, not detected by the specific primers for Leptospira pathogenic species