AUTOGESTÃO COMUNITÁRIA COMO ESTRATÉGIA DE DEFESA DAS ÁGUAS: UMA REVISITAÇÃO CRÍTICA DA TEORIA DOS COMUNS

The article reports experiences of water self-management narrated by peasant and traditional communities in environmental conflicts with extractive regime enterprises. It starts from a cartography of conflicts to analyze community repertoires and strategies that refuse the privatization or expropriation of waters, based on the analysis of discourses present in meetings between communities, movements and social organizations, complemented by a documentary analysis and semi-structured interviews. The aim is to investigate community self-management strategies for water and their contributions to rethink the theory of commons from the Latin American context, building a critique of Ostrom’s institutionalist approach. The main argument of the text considers that this defense of waters translates a political praxis of exercising the autonomy of peoples and communities, repositioning the category of the commons as community political actions of sharing and reciprocity that are not reducible to goods, resources or management systems.O artigo relata experiências de autogestão de águas, narradas por comunidades campesinas e tradicionais em conflitos ambientais com empreendimentos do regime extrativista. Parte-se de uma cartografia de conflitos para analisar repertórios e estratégias comunitárias que recusam a privatização ou a expropriação das águas, a partir da análise de discursos presentes em encontros entre comunidades, movimentos e organizações sociais, complementados por fonte documental e entrevistas semiestruturadas. Objetiva-se investigar estratégias de autogestão comunitária de águas e suas contribuições, para repensar a teoria dos comuns a partir do contexto latino-americano, construindo uma crítica à abordagem institucionalista de Ostrom. O argumento central do texto considera que esta defesa das águas traduz uma práxis política de exercício da autonomia de povos e comunidades, reposicionando a categoria dos comuns enquanto fazeres políticos comunitários de compartilhamento e reciprocidade não redutíveis aos bens, recursos ou sistemas de manejo