Violência em relações de Intimidade em casais do mesmo sexo

A investigação sobre violência doméstica concentra-se em casais de sexo diferente, existindo escassos estudos em casais do mesmo sexo. Com o presente estudo procuramos investigar a violência em relações de intimidade em casais do mesmo sexo, dando voz às vítimas de violência no contexto de uma relação de intimidade com um/a parceiro/a do mesmo sexo e aos representantes dos serviços de apoio. Procuramos perceber as experiências de violência das vítimas, descrever as suas perspetivas sobre os serviços de apoio, identificar as suas necessidades relativamente aos serviços, descrever as perspetivas dos/as representantes sobre os serviços e identificar as necessidades dos serviços para fornecer respostas adequadas às vítimas. Participaram no estudo 10 vítimas e 11 representantes dos serviços de apoio, recrutados através de contatos formais e informais, em território português. Foram realizadas entrevistas individuais de aproximadamente 60 minutos. Em geral, os resultados indicaram a invisibilidade do fenómeno, o isolamento da comunidade LGB, a fraca rede social informal, o estigma, o preconceito, a discriminação sexual e a homofobia, as ameaças de outing, os poucos serviços de apoio, as suas limitações e necessidades, a falta de formação especializada dos/as técnicos/as e a falta de preparação dos serviços de apoio para apoiar estas vítimas. Em conclusão os serviços de apoio apresentam limitações no atendimento a vítimas de violência em relações de intimidade com um/a parceiro/a do mesmo sexo e torna-se necessário aceitar e respeitar a população LGB em Portugal e aumentar o reconhecimento da existência de violência doméstica em casais do mesmo sexo.The Research about domestic violence concentrates on different-sex couples, existing therefore few studies among same-sex couples. With this study we sought to investigate violence in intimate relationships within same-sex couples, giving voice to the victims of violence in an intimate relationship with a same-sex partner context, and to the representatives of the support services. We seek to understand the experiences of victims of violence, describe their perspectives about the referred support services, identify their needs towards these services, describe the perspectives of the services’ representatives and identify these services’ needs in providing an appropriate response to the victims. Ten victims and 11 representatives of support services participated in this study, which were recruited through formal and informal contacts, within the Portuguese territory. Individual interviews were performed, with approximately 60 minutes each. In general, the results indicated the invisibility of the phenomenon, the isolation of the LGB community, poor informal social network, stigma, prejudice, sex discrimination and homophobia, threats of outing, the lack of support services, their respective limitations and needs, lack of specialized training of the professionals and the lack of preparation of the services to support these victims. In conclusion the relevant support services show limitations when attending to victims of violence in intimate relationships with same-sex partners, becoming necessary the acceptance and respect of the LGB population in Portugal, and increase the recognition of domestic violence within same sex couples