Percorrendo a (C)idade com idosos: a construção urbana da vulnerabilidade

Este artigo sustenta-se nos resultados de um projecto que tinha por objecto o isolamento social dos idosos; procurou-se olhar para o ‘Espaço’ enquanto categoria de entendimento social, aferindo, em particular, até que ponto e em que sentidos o espaço urbano gera e/ou reforça situações de isolamento social neste segmento populacional. Os resultados alcançados evidenciam uma forte relação entre a configuração espacial e a gradual contracção do campo de acção destes cidadãos, mas revelam também a relevância das dimensões sociais na construção da vulnerabilidade: se, em abstracto e em primeira instância, a fragilidade física dos idosos tende a ser associada à componente fisiológica do envelhecimento, a informação recolhida faz emergir as dimensões sociais, processuais e contextuais da vulnerabilidade. De forma latente ou manifesta, a ‘Cidade’ (na sua configuração actual) é vista como hostil e agressiva, o que induz a alteração de práticas quotidianas e de apropriação do espaço urbano. Numa perspectiva fenomenológica, observa-se que a percepção sobre a vulnerabilidade individual é, então, fortemente, enraizada nesta componente social