Associação entre características de treinamento e lesões em corredores de rua recreacionais

Orientador: Prof. Dr. Sergio Gregório da SilvaTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Educação Física. Defesa : Curitiba, 28/07/2022Inclui referências: p. 61-68Resumo: A Corrida de Rua tem crescido significativamente, no Brasil e no mundo. Esta pesquisa teve por objetivo estudar as variáveis demográficas, antropométricas e de treinamento de corredores de rua recreacionais, que representam a ampla maioria dos participantes de provas de 5 km; 10 km; Meia Maratona e Maratona, de ambos os sexos, assim como investigar associações com a ocorrência de lesões decorrentes da atividade, ao longo da sua prática. Foram utilizados os dados de 1.672 corredores (911 homens e 761 mulheres), adultos (> ou = 18 anos; 41,3±10,7 anos), que responderam, voluntária e anonimamente, a questionário disponibilizado na web. No grupo masculino, Desempenho físico foi o objetivo principal da prática de corrida (29,1% dos homens) e, no feminino, Bem-estar (27,9% das mulheres). Ruas/Parques foi o local predominante de treino para homens e mulheres (69,3% e 69,6%, respectivamente). Homens tiveram tempos médios melhores nas provas informadas. As quilometragens média e máxima semanais, assim como a quilometragem máxima e velocidade média num treino, tiveram frequências relativas em faixas maiores, no grupo masculino. A duração e frequência das sessões de corrida foram semelhantes entre os sexos. Fazer alongamento para treinar/competir (71,1% masculino; 72,4% feminino), independentemente do momento (antes e/ou depois), ou ter treinos isolados para flexibilidade não mostraram associação com redução da ocorrência de lesões. A maioria dos corredores (71,0%) tinha algum tipo de assessoria profissional especializada, com esse grupo mostrando maior frequência de lesão do que aqueles sem nenhuma. Mais da metade (53,9%) dos corredores não realizava nenhum tipo de teste de avaliação aeróbia, mas 92,8% faziam controle da intensidade de treino, com 71,9% sendo pelo "Pace" (minutos/km). Na variável "musculação", o grupo que a praticava (76,4%) apresentou maior associação com a ocorrência de lesão. Naqueles que relataram fazer treino intervalado de corrida (mais de 4/5 dos corredores, em ambos os sexos), 68,7% tiveram lesão, percentual significantemente maior que o grupo que não o realizava. Foram analisados fatores de confusão para estas 3 variáveis: ter assessoria especializada, fazer "musculação" e treino intervalado. Em ambos os sexos, Fascite plantar e Periostite tibial ("canelite") foram as lesões mais citadas, sendo a primeira também a mais assinalada como causa de maior tempo de afastamento de treino e/ou competição. A média de lesões informadas não teve diferença entre os sexos. Maiores volume e intensidade de treino, tempo de prática e distância de prova foram fatores encontrados como associados à maior ocorrência de lesão. Na análise de correlações das variáveis contínuas, houve significância entre: distância de prova com idade e com a média do número de lesões; idade com a média do número de lesões e com o IMC. Na regressão logística multinomial para a ocorrência de lesão, os fatores que se apresentaram como predisponentes foram: quilometragem semanal média; tempo de prática; fazer "musculação"; e desempenho físico como motivo principal desta prática. Feita regressão logística para análise das 10 lesões mais citadas, a variável associada com maior chance desta intercorrência, em todas elas, foi a idade do praticante. Os dados coletados propiciaram traçar um perfil do corredor de rua recreacional, especialmente de seus hábitos e características de treinamento, e investigar lesões decorrentes e associações com variáveis obtidas, tendo ampla participação de praticantes e com abrangência nacional.Abstract: The street running has grown significantly, in Brazil and in the world. This research aimed to study the demographic, anthropometric and training variables of recreational street runners, who represent the vast majority of participants in races of 5 km; 10 km; Half Marathon and Marathon, of both sexes, as well as investigating associations with the occurrence of injuries resulting from the activity, throughout its practice. Data from 1,672 runners (911 men and 761 women), adults (> or = 18 years; 41.3±10.7 years), who responded, voluntarily and anonymously, to a questionnaire available on the web. In the male group, Physical performance was the main objective of running (29.1% of the men) and, in the female group, Well-being (27.9% of the women). Streets/Parks was the predominant training location for men and women (69.3% and 69.6%, respectively). Men had better average times in the races reported. The weekly average and maximum mileage, as well as the maximum mileage and average speed in a training, had relative frequencies in larger ranges, in the male group. The duration and frequency of running sessions were similar between the sexes. Stretching for training/competition (71.1% male; 72.4% female), regardless of the moment (before and/or after), or having isolated training for flexibility showed no association with a reduction in the occurrence of injuries. Most runners (71.0%) had some type of specialized professional advice, with this group showing a higher frequency of injury than those without any. More than half (53.9%) of the runners did not perform any type of aerobic assessment test, but 92.8% controlled the training intensity, with 71.9% using the "Pace" (minutes/km). In the variable "resistance training", the group that practiced it (76.4%) had a greater association with the occurrence of injury. Among those who reported doing interval running training (more than 4/5 of the runners, in both sexes), 68.7% had injuries, a percentage significantly higher than the group that did not. Confounding factors were analyzed for these 3 variables: having specialized advice, doing "resistance training" and interval training. In both sexes, plantar fasciitis and tibial periostitis ("shin splints") were the most cited injuries, and the first being also the most marked as the cause of longer training and/or competition absences. There was no difference in the average number of injuries between the sexes. Greater volume and intensity of training, time of practice and distance in street race event were found as factors associated with greater occurrence of injury. In the analysis of correlations of continuous variables, there was significance between: race distance with age and with the average number of injuries; age with the average number of injuries and with BMI. In the multinomial logistic regression for the occurrence of injury,the factors that appeared as predisposing factors were: average weekly mileage; practice time; doing "resistance training"; and physical performance as the main reason for this practice. Logistic regression was carried out to analyze the 10 most cited injuries, and the variable associated with the greatest chance of this intercurrence, in all of them, was the practitioner's age. The data collected allowed us to trace a profile of recreational street runners, especially their habits and training characteristics, and to investigate resulting injuries and associations with variables obtained, with wide participation of practitioners and with national coverage