Estratégia, configuração organizacional e performance empresarial . O caso das PME excelência

Mestrado em Gestão e Estratégia Industrial.Durante muito tempo, as pequenas e médias empresas foram negligenciadas pela teoria económica e pelas teorias da gestão. Contudo, com a recessão dos anos 70, a manifesta incapacidade de preservar a estabilidade dos mercados e as consequências da acelerada inovação tecnológica, da intensa competição global e, mais recentemente, das alterações no mercado de trabalho, abalaram as premissas económicas da produção em massa. A entrada do 3o milénio, as ameaças de exclusão social e de profundas crises financeiras à escala mundial elegem, de novo, as PME a promotoras da revitalização económica e social e dão como assente a sua importância e predomínio no tecido empresarial. As alterações económicas, tecnológicas e sociais referidas são, no essencial, independentes do comportamento estratégico das PME. Porém, a eficácia destas empresas também depende da iniciativa estratégica, capacidade organizacional e parcerias que consigam desenvolver, de modo a ultrapassar as barreiras de mercado associadas à dimensão. O objecto desta dissertação centra-se, exactamente, no aprofundamento destes factores de sucesso, interiores às PME. Este estudo analisa as implicações para a boa performance resultantes do ajustamento entre a estratégia empresarial e a promoção da sua capacidade organizacional. Este conceito abrange o conjunto dos processos internos, dos sistemas de informação, decisão e afectação de recursos e dos vectores de desenvolvimento da estrutura e de crescimento e aprendizagem organizacional. O valor explicativo deste ajustamento foi testado e confirmado, no conjunto das 457 empresas industriais candidatas ao Estatuto PME Excelência, em 1999. Este trabalho identifica, ainda, as características de um perfil excelente de desempenho das PME. Descreve o correspondente genoma da cadeia de criação e transmissão de valor, bem como as características e o grau de maturidade dos vectores de estruturação interna e de desenvolvimento organizacional associados. O fortalecimento desta cadeia longa e inovadora de processos internos e da capacidade organizacional interna deve, assim, constituir uma das principais directrizes das politicas públicas para as PME. Em suma, no quadro da alegada, mas muitas vezes não comprovada, dicotomia competitiva entre Grandes empresas e PME, esta dissertação apresenta argumentos a favor da organização e cooperação, em detrimento da dimensão.