Inquietações em temas antigos, sempre atuais, sobre saúde

The Brazilian Journal in Health Promotion (Revista Brasileira em Promoção da Saúde - RBPS), throughout its course, writes a history of evolution, seeking to improve the quality of its information. This is the aim of a scientific information vehicle: to accomplish its mission of diffusing. In this issue, RBPS attracts the reader with subjects focused on the areas of nutrition, physical exercise, worker health and infectious diseases, such as leprosy and tuberculosis. Those are very well-known diseases in public health, due to the existence, in the past, of vertical programs and horizontal actions, such as the implementation of the Unified and Decentralized Health System (Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde - SUDS), followed by the Unified Health System (Sistema Único de Saúde - SUS). Further modifications were performed on the public health system, determined by the Constitution of 1988(¹).RBPS also brings, in this issue, an article on dengue, an infectious, febrile and acute disease, with benign and serious cases, caused by an arbovirus of the Flavivirus genus that, in an endemic spatial acquaintanceship for decades, has presented several epidemic years in Brazil, with four known serotypes: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4(²). The Journal also includes an article on the osteomuscular discomfort, health in the penitentiaries, the hypertension patient’s adherence to treatment and women with HIV. It is therefore well diversified, with important contents to the scientific community and attractive to the health services.In this editorial, two subjects are picked out for the reader’s reflection: tuberculosis and nutrition.Tuberculosis, which had its bacillus identified by Robert Koch in 1882(³), has been studied for decades in Brazil. The Ministry of Health has acquired a praiseworthy experience in prevention and control of infectious diseases. However, it is worth questioning what has happened to the extensive experience brought by the Tuberculosis Prevention and Control Programme. In the 1970s, the programme was decentralized and integrated to the state and municipal health services. Later on, it was incorporated to the Family Health Programme (Programa de Saúde da Família) and to the Community Health Agents (Agentes Comunitários de Saúde).It is known that the disease registered from 2005 and 2010, only in the Brazilian capitals, around 44,864,500 cases/year and an incidence rate around 59 cases per 100,000 inhabitants(4). In its historical retrospective, prior to SUS, the disease was confronted on the basis of the epidemiological surveillance, with calculated incidence rate, healing percentage and actions to detect, notify, investigate, confirm and treat the cases, besides reducing the abandonment of the treatment, thereby reaching good healing results. There was a permanently sustained action, organized and with systematic evaluations in the states and by regions.Tuberculosis has a lived and learned history in the primary network; its past should be examined and enhanced, never forgotten, so that people might get rid of such harm, not only in Brazil, as in the world. A few years ago, the World Health Organization (WHO), along with the participants of many countries and non-governmental organizations, implemented the movement Stop TB(5), which intends to catch the interest of world leaders for the prevention, control and cure of the disease. Its most recent global plan(6) presents goals for the period from 2011to 2015. The movement started in 2000 with a big dream: to avoid the spread of tuberculosis throughout the world, eliminating it.It occurs diversely among poor and rich people, in different urban spots, city districts, slums and socially closed environments, like the penitentiaries. Professionals of the area are also aware of the existence of related factors, such as the infection by HIV, malnutrition and alcoholism. However, the necessary and indispensable requisite for it to be transmitted is the existence of the bacillus in circulation, sensitive to sunlight, anaerobic and with predilection for the lungs.Will tuberculosis become more spread? Will the new cases increase? What about the incidence in the poor urban communities, in the capitals, mainly the ones in the Northeast? Health is the disposal of many of the complex problems and trampling of public policies, and the RBPS represents the many aspirations of the area in search for effective service improvement.The second theme picked for thinking in this issue of RBPS is the matter of overweight and obesity among the Brazilian population, including young adults, adolescents and children. Brazil took so long to wake up for a feeding education policy(7). The advertising of school meal in the public schools focusing on the number of meals/day an attraction for the student seems to exceed the disclosure of the educational quality, which is the primary and non- transferable object of schools.The feeding of children and youngsters is on the wrong side of the dietary legislation on quantity, quality, harmony and suitability of food(8). That’s what the Brazilian statistics show (7,9,10). Improper and abusive feeding leads to bad habit (9) and, afterwards, to food addiction. When sedentary lifestyle, so much in vogue, comes along, health suffers the consequences, with the early onset of chronic diseases. It is time to review the public policies and its strategies, bringing from WHO(11) to the Primary Care Units the space of physical exercises practice with qualified professionals, thereby addressing excess weight, promoting the formation of healthy habit and assisting in sociability. That would, without any doubt, help reducing the loneliness and depression of the modern world.Health is always present in comments on the television and in the press. This sector takes the effects of problems related to food shortage, exposure to weather factors, deficiencies in the national policy on public safety and drug control, of lack of sports in the health care units and so many other problems we daily confront.Those who neglect the actions of health promotion and disease prevention spend much more with treatmentand rehabilitation. The treatment complextiy for chronic diseases is much higher than for the infections ones, since the first have multiple causes and involve more diagnostic equipment and medicine, used by the patient for long periods and, sometimes, forever.Attuned to the news and the scientific truth, RBPS seeks to represent the expectations in the health area and this issue, once more, encompasses what is desired. doi:10.5020/18061230.2013.p151A Revista Brasileira em Promoção da Saúde (RBPS), ao longo de sua trajetória, escreve uma história de evolução, buscando melhorar a qualidade das suas informações. Esse é o objetivo de um veículo de informação científica: cumprir o seu papel de divulgação.Neste número, a RBPS atrai o leitor com assuntos focados na área da nutrição, do exercício físico, da saúde do trabalhador e das doenças transmissíveis, como a hanseníase e a tuberculose. Estas são doenças bem conhecidas na saúde pública, devido à existência, no passado, de programas verticais e ações horizontalizadas, como a implantação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) e, mais tarde, do Sistema Único de Saúde (SUS). Outras modificações foram realizadas no sistema de saúde pública, determinadas pela Constituição de 1988(¹).A RBPS também traz, neste número, um artigo sobre a dengue, uma doença infecciosa, febril e aguda, com casos benignos e graves, produzida por um arbovírus do gênero Flavivirus, que, numa convivência espacial endêmica há décadas, apresentou vários anos epidêmicos no Brasil, com quatro sorotipos conhecidos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4(²). A Revista contém, ainda, artigo sobre desconforto osteomuscular, saúde nas penitenciárias, adesão do hipertenso ao tratamento e mulheres com HIV. Portanto, está bem diversificada, com conteúdos relevantes ao meio científico e atraentes aos serviços de saúde.Pinçam-se, neste editorial, dois assuntos para uma reflexão do leitor: a tuberculose e a nutrição.A tuberculose, cujo bacilo foi identificado por Robert Koch em 1882(³) tem sido estudada há décadas no Brasil. O Ministério da Saúde adquiriu uma elogiável experiência em prevenção e controle de doenças transmissíveis. Entretanto, merece questionamento o que se fez com a longa experiência trazida pelo Programa de Prevenção e Controle da Tuberculose. Na década de 1970, houve descentralização e integração aos serviços de saúde estadual e municipal. Depois, ele foi incorporado ao Programa de Saúde da Família e aos Agentes Comunitários de Saúde.É sabido que a doença registrou, entre 2005 e 2010, somente nas capitais brasileiras, em torno de 44.864.500 casos/ano e uma taxa de incidência em torno de59 casos por 100.000 habitantes(4). Em sua retrospectiva histórica, anterior ao SUS, a doença era trabalhada baseada na vigilância epidemiológica, com taxa de incidência calculada, percentual de cura e ações para detectar, notificar, investigar, confirmar e tratar casos, além de reduzir o abandono ao tratamento. Com isso, alcançavam-se bons resultados de cura. Havia uma ação permanente sustentada, organizada e com avaliações sistemáticas nos estados e por região.A tuberculose tem uma história vivida e aprendida na rede básica; tem um passado que deve ser visto e aprimorado, nunca esquecido, para que se possa ficar livre desse mal, não só no Brasil, mas no mundo. Há poucos anos, a Organização Mundial da Saúde, juntamente com participantes de vários países e organizações não governamentais, lançaram o movimento Stop TB(5), o qual pretende atrair a atenção de líderes mundiais para a prevenção, o controle e a cura da doença. Seu plano global mais recente(6) apresenta meta de trabalho de 2011 a 2015. O movimento se iniciouem 2000 com um grande sonho: impedir a propagação da tuberculose pelo mundo, eliminando-a.Ela ocorre de modo desigual entre pobres e ricos, nos diferentes locais urbanos, bairros, favelas e em ambientes socialmente fechados, como os presídios. Também é do conhecimento dos profissionais da área a existência de fatores associados, como infecção pelo HIV, desnutrição e alcoolismo. Mas a condição necessária e indispensável para se adquiri-la é a existência do bacilo em circulação, sensível à luz solar, anaeróbico e com predileção pelos pulmões.A tuberculose terá expansão? Será que aumentarão os casos novos, a incidência nos precários aglomerados urbanos, nas capitais, principalmente as nordestinas? A saúde é o escoadouro de muitos dos complexos problemas e atropelos das políticas públicas, e a RBPS representa os muitos anseios da área na busca pela efetiva melhoria dos serviços.O segundo ponto que se extrai para reflexão deste número da RBPS é a questão do sobrepeso e da obesidade da população brasileira, incluindo adultos jovens, adolescentes e crianças. O Brasil demorou muito a acordar para uma política de educação alimentar(7). A propaganda de merenda escolar nas escolas públicas enfocando o número de refeições/dia como atrativo ao aluno parece ultrapassar a divulgação da qualidade de ensino, que é o objeto primeiro e intransferível das escolas.A alimentação das crianças e dos jovens está em desrespeito às leis nutricionais de quantidade, qualidade, harmonia e adequação dos alimentos(8). É isso que as estatísticas brasileiras exibem(7,9,10). A alimentação inadequada e abusiva forma mau hábito(9) e, posteriormente, vício alimentar. Quando acrescidos do sedentarismo, tão em voga, as consequências recaem na saúde, com o surgimento precoce de doenças crônicas. Está na hora de se rever as políticas públicas e suas estratégias, trazendo da OMS(11) para as Unidades Básicas de Saúde o espaço de prática de exercício físico com profissionais habilitados, combatendo, assim, o peso em excesso, fomentando a formação de hábito saudável e auxiliando na sociabilidade, o que, sem sombras de dúvida, serviria para reduzir a solidão e a depressão do mundo moderno.A saúde é uma constante nos comentários televisivos e na imprensa. O setor da saúde recebe os efeitos dos problemas da escassez de alimentos, da convivência com fatores climáticos, da deficiência política nacional de segurança pública e de combate às drogas, da falta de esporte nas unidades ambulatoriais e de tantos outros problemas com os quais nos deparamos diariamente. Quem se descuida nas ações de promoção da saúde e da prevenção da doença gasta muito mais com tratamento e reabilitação. O tratamento das doenças crônicas tem uma complexidade bem maior do que o das doenças transmissíveis, pois as causas são múltiplas, com mais equipamento de diagnósticos e medicamentos, dos quais o paciente faz uso por períodos prolongados, senão para sempre.A RBPS, antenada com as notícias e com a verdade científica, procura representar as inquietações da área da saúde. E este número, mais uma vez, contempla o desejado. doi:10.5020/18061230.2013.p15