O processo de cessação tabágica e o contributo do farmacêutico: impacto na saúde pública

O tabagismo é considerado um fator de risco de inúmeras doenças e afeta quer a população fumadora, quer a não fumadora. Este hábito é a principal causa evitável de doenças crónicas, perda de qualidade de vida e morte no mundo. Desta forma, é considerado um problema de saúde pública que afeta toda a população. O tabaco pode ser consumido de diversas formas e é causador de dependência quer física, quer psicológica, englobando diversos fatores. Todos os produtos contidos no tabaco são nocivos para a saúde, podendo comprometer todo o organismo, e não existe um limiar seguro para a sua exposição. Em Portugal, a prevenção e o controlo do tabagismo são uma prioridade. A implementação de medidas, sejam elas legislativas, educacionais, terapêuticas, económicas ou sociais, necessitam de intervenção multidisciplinar. A cessação tabágica é importante não só para o fumador em particular, mas também para a população em geral. As vantagens desta cessação são tanto maiores quanto mais cedo ela ocorrer, havendo benefícios imediatos, logo após o consumo do último cigarro. As medidas farmacológicas, importantes e muitas vezes necessárias na cessação tabágica, contribuem para a diminuição dos sintomas de abstinência e do desejo de fumar. No entanto, as medidas não farmacológicas são fundamentais para o sucesso do tratamento, quer a médio, quer a longo prazo. A falta de literacia em saúde, os interesses económicos associados ao tabaco, as estratégicas de marketing das empresas deste tipo de produtos e a aceitação social do consumo, são fatores muito relevantes na dificuldade que existe na adoção de medidas de prevenção e controlo deste problema. O presente artigo tem como objetivo contextualizar o impacto do tabagismo no âmbito da saúde pública, destacando estratégias de prevenção, controlo e tratamento do processo de cessação tabágica, e salientando aspetos em que o farmacêutico comunitário pode intervir e contribuir para a diminuição dos efeitos nefastos associados ao consumo de tabaco