Novas Abordagens Terapêuticas para Medicamentos Potencialmente Inapropriados em Idosos

Com o envelhecimento da população, surge um período de vida caracterizado pela coexistência de múltiplos problemas de saúde, predispondo os idosos para a polimedicação, ou seja, para o uso de vários medicamentos para o tratamento de diferentes comorbidades. Através do processo de envelhecimento ocorrem alterações biológicas e fisiológicas com implicações na farmacodinâmica e farmacocinética dos fármacos, predispondo esta população para maior vulnerabilidade e suscetibilidade a reações adversas aos medicamentos, frequentemente associadas ao uso de Medicamentos Potencialmente Inapropriados (PIM) nesta população. Em 2015 foi criada a Lista EU(7)-PIM, uma lista de critérios explícitos de identificação de PIM em idosos, através de uma colaboração entre 7 países europeus, não integrando Portugal. Com este trabalho pretende-se adaptar esta ferramenta à realidade nacional, permitindo aos profissionais de saúde identificar PIM na população idosa. Uma vez que as alterações associadas ao envelhecimento podem comprometer o uso eficaz de formas farmacêuticas convencionais nesta população, pretende-se também desenvolver um sistema de libertação modificada para a formulação de um medicamento classificado como PIM. Inicialmente realizou-se a operacionalização da lista EU(7)-PIM para a realidade portuguesa na qual foram identificados todos os medicamento comercializados em Portugal (n=173) que constam na lista original. Em seguida foi criada uma lista de possíveis PIM (n=5), não considerados na lista original, por não se encontrarem disponíveis no mercado dos países participantes. Construiu-se uma lista final de 184 PIM (178 substâncias ativas, 5 classes de medicamentos e um correspondente ao esquema terapêutico sliding scale usado nas insulinas). Foram identificados os medicamentos e classes de PIM, mais utilizados em cuidados de saúde primários numa amostra de idosos utentes de centros de saúde da região centro. Dos 1089 idosos polimedicados que faziam parte da amostra, 83,7% tomavam pelo menos um fármaco incluído na lista final de PIM ou pertencente a um dos grupos incluídos na lista. Numa segunda fase do trabalho foi desenvolvida uma nova forma farmacêutica que melhorasse a administração do fármaco digoxina (classificado como PIM). Assim, foi desenvolvido um filme bucal mucoadesivo de alginato de sódio contendo digoxina encapsulada em nanopartículas de zeína. As nanopartículas incorporadas com 0,25mg/ml de digoxina exibiram um tamanho médio de 87,20 ± 0,877 nm, um índice de polidispersão (PDI) de 0,228 ± 0,003 e potencial zeta de 21,23 ± 0,067 mV. A digoxina foi encapsulada com sucesso nas nanopartículas de zeína com uma eficiência de encapsulação de 91% (± 0,003). Os filmes de alginato de sódio reticulados com 10% de etanol demonstraram bom desempenho ao nível do swelling (máximo de 1474%) e propriedades mecânicas, com uma tensão de ruptura de 0,397 ± 0,04 MPa e um alongamento de ruptura de 27,85% (± 0,58)