Nutritional status assessment of patients with Autosomal Dominant Polycystic Kidney Disease and its association with clinical and laboratorial parameters predicting progression

Introdução: A Doença Renal Policística Autossômica Dominante (DRPAD) é uma nefropatia de origem hereditária, mas apesar do caráter genético, vários fatores potencialmente modificáveis como os de caráter clínico, laboratorial, ambiental e dietético contribuem para o aumento do crescimento cístico e comprometimento da função renal. O sobrepeso e a obesidade avaliados pelo índice de massa corporal (IMC) têm sido associados a um maior aumento anual do volume renal total (TKV), um dos parâmetros mais bem relacionados com a progressão da DRPAD. No entanto, a influência da composição corporal, mais especificamente da gordura corporal (GC), não foi avaliada nestes estudos. O excesso de peso pode, entre outros efeitos potencialmente deletérios, promover a elevação na síntese endógena de ânions de ácidos orgânicos (AO). Objetivos: Avaliar retrospectivamente o estado nutricional de pacientes com DRPAD através de dados de antropometria e de GC e verificar a associação dos mesmos com parâmetros clínicos, bioquímicos e dietéticos, bem como também o volume e a função renal. Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo retrospectivo de pacientes ambulatoriais com DRPAD envolvendo dados clínicos, séricos, urinários e nutricionais obtidos dos prontuários médicos. Foram incluídos pacientes adultos (>18 anos) e com taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) >15 ml/min/1,73 m2. As variáveis coletadas foram: idade, sexo, diabetes, hipertensão arterial, síndrome metabólica (SM), TFGe, ácido úrico e proteína C-reativa (PCR) séricos, glicemia em jejum, hemoglobina glicada (HbA1c), colesterol total, lipoproteína de baixa densidade (LDL), lipoproteína de alta densidade (HDL). Na urina de 24 horas foram incluídos dados de consumo diário de sal (avaliado por sódio urinário), proteína (avaliado pelo equivalente protéico de aparecimento de nitrogênio urinário, PNA) e osmolalidade urinária. O volume renal total (TKV) e corrigido pela altura (hTKV) foram medidos por Ressonância Magnética. Os dados referentes ao estado nutricional foram a antropometria (peso, altura para cálculo do IMC) e a porcentagem %GC estimada pela espessura das dobras cutâneas (mm), e classificadas de acordo com o sexo em normal ou elevada. A estimativa de produção de AO foi calculada a partir dos dados antropométricos. A TFGe anual ao longo de 5 anos foi utilizada para o cálculo do slope da função renal, sendo a rápida progressão categorizada como reduções ≥2,5 mL/min/ano. Resultados: Foram revisados 235 prontuários, dos quais 59 apresentavam dados de composição corporal incompletos, 48 sem todos os dados bioquímicos disponíveis e 24 referiam-se a pacientes com TFGe ≤15 mL/min/1,73 m2. Um total de 104 indivíduos preencheu os critérios de inclusão (idade média 41,9 ± 11,9 anos), sendo 61,5% do sexo feminino, 76,0% hipertensos, 17,2% com SM e a mediana de TFGe foi de 77,6 (42.8–108.3) mL/min/1,73 m2. Os pacientes apresentaram um IMC médio de 26,7 ± 4,8 kg/m2 e o estado nutricional foi classificado em 36,5% deles como eutrofia, 39,4% com sobrepeso e 24,0% com obesidade. A medida da %GC revelou-se normal (GCN) em 37,5% dos pacientes e elevada (GCE) em 62,5% deles. O grupo GCE apresentou maiores níveis de AO, HbA1c, PCR, sódio NaU e TFGe menor do que o GCN. Não se observaram diferenças significantes entre os grupos em relação à presença de diabetes, SM e valores médios de glicemia de jejum, perfil lipídico e osmolalidade urinária. Dos 104 pacientes, 76 possuíam dados disponíveis para o cálculo do hTKV. A mediana do hTKV foi significantemente maior entre os pacientes GCE quando comparado ao grupo GCN (914,8 mL/m, IQR: 607,4, 1242,5 versus 412,6 mL/m, IQR: 302,8, 745,0, p= 0,01, respectivamente). Na regressão linear multivariada ajustada, as variáveis associadas ao TKV foram %GC elevada, AO e IMC (std. β 0,47, p 18 years) with an estimated glomerular filtration rate (eGFR) >15 ml/min/1.73 m2 were included. The studied variables were: age, sex, diabetes, arterial hypertension, metabolic syndrome (MS), eGFR, serum uric acid and C-reactive protein (CRP), fasting glucose, glycated hemoglobin (HbA1c), total cholesterol, low-density lipoprotein (LDL), high-density lipoprotein (HDL). The 24-hour urine data included daily salt intake (assessed by urinary sodium), protein (assessed by protein equivalent of urinary nitrogen appearance, PNA) and urinary osmolality. Total kidney volume (TKV) and height corrected TKV (htTKV) were measured by magnetic resonance imaging. Nutritional status was assessed using anthropometric data, such as weight, height for BMI calculation and the percentage of body fat (%BF), which was estimated by skinfold thickness (mm), classified as either normal or high according to each sex. OA were estimated from anthropometric data. The annualeGFRslope was analyzed during a median follow-up time of 6 (5.0–7.0) years to calculate rapid progression (decline in renal function ≥2,5 mL/min/year over 5 years).Results: A total of 235 medical records of ADPKD patients were reviewed, of whom 59 had incomplete data regarding body composition, 48 did not have all biochemistry data available, and 24 had an eGFR ≤ 15 mL/min/1.73 m2. A total of 104 subjects met the inclusion criteria (mean age 41.9 ± 11.9 years), 61.5% were female, 76.0% hypertensive, the prevalence of MS was 17.2% and the median eGFR was 77.6 (42.8–108.3) mL/min1.73 m2. The patients had a mean BMI of 26.7 ± 4.8 kg/m2 and the nutritional status classified 36.5% as eutrophic, 39.4% overweight and 24.0% obese. The mean %BF was normal in 37.5% of patients and high in 62.5% of them. The high %BF group had higher levels of OA, HbA1c, CRP, UNa and lower eGFR than those with normal %BF. There were no significant differences between the groups regarding the presence of diabetes, MS and mean values of fasting glucose, lipid profile and urinary osmolality. Seventy-six (76) out of the 104 patients, had available data for hTKV calculation. The median htTKV was significantly higher among high %BF patients when compared to the normal %BF group (914.8 mL/m, IQR: 607.4, 1242.5 versus 412.6 mL/m, IQR: 302.8, 745.0, p=0.01, respectively). In the multivariate linear regression, the associated variables with TKV were high% BF, OA and BMI (std. β 0.47, p