Em 1942, na sua autobiografia Die Welt von Gestern (O mundo de ontem) o famoso escritor e pacifista austríaco Stefan Zweig apresentava-se como alguém que, por via do seu cosmopolitismo, tinha conseguido resistir ao poder aglutinador do início da Grande Guerra. Esta auto-representação não correspondia, porém, ao que havia acontecido. Na realidade, a posição de Zweig fora bastante ambígua e, em grande parte, só chegara a clarificar-se graças à intervenção do autor francês Romain Rolland. No contexto de turvação e pós-verdades do século XXI, faz sentido lembrar estas maiores ou menores “falsificações” e evocar a amizade mantida por dois intelectuais de países adversários durante a Primeira Guerra Mundial. O presente trabalho centrar-se-...