Tornar-se mãe de um segundo filho : a experiência vivida da mulher

Tornar-se mãe de um segundo filho, enquanto fenómeno de transição na parentalidade, representa um período de maior vulnerabilidade e de (trans)formação da pessoa, enquanto “ser-no-mundo”, no encontro da sua nova identidade. Este estudo teve como objetivo compreender o sentido da experiência vivida da mulher que se torna mãe de um segundo filho. A investigação insere-se numa metodologia qualitativa, de desenho fenomenológico hermenêutico, assente nos contributos conceptuais de Martin Heidegger. O material experiencial foi recolhido a partir de entrevistas fenomenológicas a 11 mulheres, com um segundo filho de idade compreendida entre os 18 e os 24 meses. As atividades desenvolvidas no processo de análise de dados tiveram em consideração as orientações de van Manen. Resulta desta reflexão que a experiência vivida se manifesta por um conjunto de três temas essenciais: O momento da decisão (Não fomos pais por acaso: Um segundo filho já fazia parte dos meus planos…, A motivação: o que me fez ter um segundo filho); O momento do nascimento: do encontro e (des)encontro com o outro ao (re)nascer da identidade familiar (Era só eu e ele, Encontro(s) e (des)encontro(s) entre irmãos, Nós somos quatro: a família como um uno); e O momento do regresso a casa e ao quotidiano: é tudo muito… preciso de mais... (Quero estar aqui, mas também quero estar ali…: Não estava a ser mãe direitinha…, Tempo para nós é zero: é dar tudo de nós, A experiência do essencial: oh mãe, eu estou aqui!, Preciso de mais: o muito mas com o apoio de um outro…). O encontro com os achados e o seu sentido para os enfermeiros permitirá abrir o horizonte da sua compreensão da experiência vivida destas mulheres e seguramente terá impacto no seu modo de ser-presente no quotidiano de cuidados.Becoming the mother of a second child, as a phenomenon of transition in parenting, represents a period of greater vulnerability and (trans)formation of the person, as “being-in-the-world”, in the encounter of her new identity. This study aimed to understand the meaning of the lived experience of the woman who becomes the mother of a second child. The investigation is part of a qualitative methodology, with a hermeneutical phenomenological design, based on the conceptual contributions of Martin Heidegger. The experiential material was collected from phenomenological interviews with 11 women, with a second child aged between 18 and 24 months. The activities developed in the data analysis process took van Manen's guidelines into account. It is clear from this reflection that the lived experience is manifested by a set of three essential themes: The moment of decision (We were not parents by chance: A second child was already part of my plans ..., The motivation: what made me have a second child); The moment of birth: from the encounter and (dis)encounter with the other to the (re)birth of the family identity (It was just me and him, Encounter(s) and (dis)encounter(s) between brothers, We are four: a family as one); and The moment of returning home and everyday life: everything is a lot… I need more ... (I want to be here, but I also want to be there…: I wasn't being a straight mother…, Time for us is zero: giving everything from us, The experience of the essential: oh mom, I'm here !, I need more: a lot but with the support of one other…). The encounter with the findings and their meaning for nurses will allow to widen the horizon of their understanding of the lived experience of these women and will certainly have an impact on their way of being present in the daily care