Imagem e imaginário sobre o outro : os muçulmanos nas iluminuras das Cantigas de Santa Maria de Afonso X, séc. XIII

Este trabalho tem como objetivo estudar a imagem dos muçulmanos nas Cantigas de Santa Maria (CSM), especificamente do Códice Rico, obra de louvor mariano produzida durante o reinado de Afonso X (1252-1284). Através da análise da narrativa visual e textual pretende-se compreender o papel das CSM no processo de estigmatização deste grupo como também seu papel na difusão de determinadas polêmicas sobre o Islã e os muçulmanos no contexto do século XIII. Para tal, foi considerado o conceito de imagem-objeto (Jérôme Baschet) e da relação texto-imagem (Maud Pérez-Simón) como quadro teórico e metodológico presente nos estudos de iconografia medieval, bem como os conceitos de estigma (Erwin Goffman) e imaginário (San-dra Pesavento). Realiza-se uma síntese dessas polêmicas através de um diálogo com a biblio-grafia produzida e analiso a incorporação de tais acusações pela fonte como forma de entender os múltiplos imaginários presentes no scriptorium afonsino e as estratégias de combate ao Islã. Pelo do exame da fonte é percebida a ambiguidade na representação muçulmanos ora tidos como violentos, ora tidos como possíveis conversos. No fim, levando algumas hipóteses pro-curando explicar essas representações ambivalentes.This work aims to study the image of Muslims in the Cantigas de Santa Maria (CSM), specifi-cally in the Codex Rico, a work of Marian praise produced during the reign of Afonso X (1252-1284). Through the analysis of the visual and textual narrative, it is intended to understand the role of the CSM in the process of stigmatization of this group as well as their role in the dis-semination of certain controversies about Islam and Muslims in the context of the 13th century. For this, the concept of image-object (Jérôme Baschet) and the relation text-image (Maud Pé-rez-Simón) is used as a theoretical and methodological framework present in studies of medie-val iconography, as well as the concepts of stigma (Erwin Goffman) and imaginary (Sandra Pesavento). A synthesis of these controversies is carried out through a dialogue with the bibli-ography produced and I analyze the incorporation of such accusations by the source is observed as a way of understanding the multiples imaginaries present in Alfonso X’s scriptorium and the strategies to combat Islam. Examining the source reveals the ambiguity in the representation of Muslims sometimes seen as violent, sometimes considered as possible converts. In the end, taking some hypotheses trying to explain these ambivalent representations