Avaliações externas estaduais da alfabetização e a produtividade discursiva de suas matrizes de referência

O presente trabalho se propôs a mapear e caracterizar as avaliações externas nos estados brasileiros e no Distrito Federal que tivessem como público-alvo as crianças em fase de alfabetização. Através desse mapeamento, foram localizadas 19 avaliações, sendo que 14 delas encontravam-se em vigor em 2022. A partir das avaliações ativas, buscou-se suas respectivas matrizes de referência de Língua Portuguesa, que compõem o corpus empírico desta pesquisa. Metodologicamente, a investigação adota uma abordagem qualitativa e se serve de alguns elementos do procedimento de produção dos dados da análise documental, mas toma os documentos como monumentos, a partir de Foucault, seguindo para uma análise do discurso de inspiração foucaultiana. As análises apontam que nas matrizes de referência analisadas existe: 1) um apagamento da produção escrita; 2) uma recorrência da avaliação de habilidades de identificação no âmbito da consciência fonológica, indicando que essas habilidades estão na ordem do discurso das avaliações externas estaduais da alfabetização; 3) uma permanência do reconhecimento das letras como um saber pertinente para a alfabetização; 4) uma predominância do 2º ano como ano escolar mais avaliado e; 5) uma alta concentração da elaboração dos sistemas estaduais de avaliação externa em um único centro. A partir do referencial teórico-metodológico aqui adotado e das análises realizadas neste trabalho, considera-se que há um tipo de sujeito alfabetizado que é produzido discursivamente no interior das matrizes de referências de avaliações externas estaduais da alfabetização neste tempo histórico