História da matemática e etnomatemática: o ensino de progressões aritméticas

Este artigo insere-se em duas temáticas de pesquisa presentes na educação matemática: etnomatemática e história da matemática. Das possíveis articulações entre ambas, o artigo preocupa-se com aquelas que contribuem para refletir acerca dos processos de ensino e aprendizagem de matemática, com o objetivo de compreender quais os efeitos da aplicação de uma proposta de ensino, voltada ao estudo das progressões aritméticas e elaborada a partir da articulação entre a história da matemática e a etnomatemática, na formação de estudantes do 2º ano do Ensino Médio. Como suporte teórico, ancora-se nos estudos pós-estruturalistas dos filósofos Ludwig Wittgenstein, especialmente em relação aos conceitos de jogos de linguagem e formas de vida, e Michel Foucault, em relação a poder e saber. Metodologicamente, apresenta uma proposta de ensino, realizada com 34 estudantes de uma escola pública da cidade de Porto Alegre, RS, e analisa os efeitos da proposta por meio de um questionário com respostas abertas. As respostas obtidas foram examinadas por meio do método de análise genealógica discursiva, que se preocupa em analisar quais as condições de possibilidade para que certos discursos venham à tona. Como resultados, foi possível verificar que a proposta de ensino criou condições que possibilitaram aos estudantes refletir, questionar, comparar, ler, interpretar, se posicionar, argumentar, raciocinar logicamente; desenvolver outros modos de matematizar, outros jogos de linguagem, distintos dos jogos de linguagem da matemática escolar; exercer outros modos de pensar frente ao uso de fórmulas prontas