Prevalência e potenciais determinantes do uso inadequado de plantas medicinais e bebidas alcoólicas durante a gestação : subsídios aos profissionais de saúde que atuam no pré-natal

Orientadora: Profa. Dra Marilene da Cruz Magalhães BuffonCoorientadora: Profa. Dra Denise Siqueira de CarvalhoDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Defesa : Curitiba, 25/09/2020Inclui referênciasResumo: Durante o período gravídico, as mulheres experenciam importantes alterações fisiológicas, características dessa fase. Em consequência, ocorrem queixas comuns que podem perdurar a gestação inteira. A utilização de plantas medicinais está presente em diversas culturas há muitos séculos, assim como as bebidas alcoólicas. Ambas são utilizadas por um alto índice da população. Atualmente, o consumo de álcool vem aumentando entre as mulheres, inclusive naquelas em idade fértil. Há uma quantidade tolerável de bebida alcoólica, considerada não maléfica para o organismo. Porém, para gestantes, não existe margem de segurança, devendo haver abstinência. As plantas medicinais também não têm um valor de consumo estabelecido, entretanto os estudos demostram que há inúmeras espécies contraindicadas no período gestacional. O consumo de bebidas alcoólicas e chás na gestação constitui um grande risco à saúde do binômio mãe-filho. O objetivo geral deste estudo foi estimar a prevalência e os fatores associados quanto ao uso inadequado de plantas medicinais e bebidas alcoólicas por gestantes vinculadas à atenção primária à saúde, em um município da região sul do Brasil. Trata-se de um estudo transversal, exploratório e descritivo, que foi realizado em uma maternidade pública, no período de maio a julho de 2019. Como instrumento de coleta empregou-se formulário semi-estruturado para entrevistar 179 puérperas. Para análise dos dados foi utilizado o modelo estatístico EPI-INFO. A análise descritiva das variáveis foi por meio de medidas de frequência e posteriormente, aplicaram-se as análises bivariada e multivariada, o teste do Qui-quadrado ou o teste exato de Fisher e regressão logística. Considerou-se o intervalo de confiança de 95% (IC 95%), o odds ratio (OR) e valores de p < ou =0,05 apresentaram significância estatística. Os resultados mostraram que a faixa etária das puérperas estava compreendida entre 18 a 44 anos. O perfil socioeconômico das puérperas indicou que eram de etnia branca, o nível de escolaridade era de médio completo/superior incompleto, residiam com companheiro e filho (s), não exerciam atividades remuneradas e a renda familiar estava na faixa de um a dois salários mínimos. O acompanhamento da gestação foi majoritariamente no SUS, com sete ou mais consultas de pré-natal e seu início no primeiro trimestre. As gestantes referiram que foram vagamente orientadas, pelos profissionais de saúde, sobre uso de chás e bebidas alcoólicas. Os resultados apontam que o uso de chá é cultural e que inúmeras plantas medicinais foram ingeridas para diversos fins que nem sempre está de acordo com o descrito na literatura. O estudo evidenciou relação do consumo de álcool durante a gestação com fatores socioeconômicos, que demonstra um problema de saúde pública. O fato de serem acompanhadas com o número de consultas apropriado, não foi garantia de qualidade de orientações, conforme relataram as puérperas. Portanto, intervenções de prevenção e promoção de saúde mais efetivas são necessárias.Abstract: During the pregnancy period, women experience important physiological changes, characteristic of this phase. As a result, there are common complaints that can last the entire pregnancy. The use of medicinal plants has been present in several cultures for many centuries, as well as alcoholic beverages. Both are used by a high index of the population. Currently, alcohol consumption is increasing among women, including those of childbearing age. There is a tolerable amount of alcohol, considered non-harmful to the body. However, for pregnant women, there is no safety margin, and there must be abstinence. Medicinal plants also do not have an established consumption value, however studies show that there are numerous species contraindicated during pregnancy. The consumption of alcoholic beverages and teas during pregnancy constitutes a great risk to the health of the mother-child binomial. The general objective of this study was to estimate the prevalence and associated factors regarding the use of medicinal plants and alcoholic beverages by pregnant women linked to primary health care, in a municipality in the southern region of Brazil. This is a cross-sectional, exploratory and descriptive study, which was carried out in a public maternity hospital, from May to July 2019. As a tool, a semi-structured form was used to interview 179 postpartum women. For data analysis, the EPI-INFO statistical model was used. The descriptive analysis of the variables was by means of frequency measures and later, bivariate and multivariate analyzes, the Chi-square test or Fisher's exact test and logistic regression were applied. The 95% confidence interval (95% CI), the odds ratio (OR) and p values ??0.05 were considered statistically significant. The results showed that the age group of the mothers was between 18 and 44 years old. The socioeconomic profile of the mothers indicated that they were white, had an incomplete higher education, lived with a partner and child (ren), did not perform paid activities and family income was in the range of one to two minimum wages. The monitoring of pregnancy was mainly in SUS, with seven or more prenatal consultations and its beginning in the first trimester. The pregnant women reported that they were superficially advised by health professionals on the use of teas and alcoholic beverages. The results show that the use of tea is cultural and that numerous medicinal plants have been ingested for different purposes, which is not always in accordance with what is described in the literature. The study showed a relationship between alcohol consumption during pregnancy and socioeconomic factors, which demonstrates a public health problem. The fact that they were followed up with the appropriate number of consultations was not a guarantee of the quality of the guidelines, as reported by the puerperal women. Therefore, more effective prevention and health promotion interventions are needed