Seguindo em frente : caminhos de esperança e desafios para a juventude agroecológica do MST

Orientador: Prof. Dr. Alfio BrandenburgTese (doutorado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Sociologia. Defesa : Curitiba, 07/10/2021Inclui referências: p. 182-193Resumo: Esse estudo teve como objetivo compreender a inserção do jovem no processo de ecologização do MST e ao mesmo tempo analisar os fatores motivadores e limitadores que possibilitam ao jovem camponês agroecológico a sua permanência no campo. A pesquisa empírica foi desenvolvida com o uso da história oral com os jovens que estão inseridos na prática agroecológica, em dois assentamentos - Contestado (Lapa/Pr) e o São Joaquim (Teixeira Soares/Pr) e com dois acampamentos - Jose Lutzenberger (Antonina/Pr) e o Emiliano Zapata (Ponta Grossa/Pr) e com lideranças do MST e observação nas últimas três Jornadas Agroecológicas realizadas. Como categorias analíticas, utilizamos o habitus, para situar as relações familiares, como um dos espaços de sociabilidade e vida de consolidação do projeto agroecológico. Identificamos que ainda se fazem presentes relações com resquícios patriarcais, mas que, pela concepção de agroecologia que vem sendo construída, pela soma de várias lutas, dentre elas a questão de gênero, há um "afrouxamento" nessas relações. Isso reflete positivamente para os jovens pelo clima de mais abertura, que se cria na família e potencializa sua autonomia e liberdade, como um dos fatores motivadores para ficar no campo. Contudo, ainda persistem questões desafiadoras como gênero, a dificuldade de acesso à DAP, fragilidade das políticas especificas para os jovens e para a agroecologia, participação nos Coletivos de juventude, dentre outros. Uma outra categoria analítica, usada nesse estudo, é a Ecologia Política/Racionalidade ambiental. A agroecologia como um projeto em construção que vai formando uma nova racionalidade, ambiental. As jornadas de agroecologia e a educação, com foco agroecológico contribuem para a consolidação do projeto de ecologização do MST. Nesse processo, os jovens ocupam um lugar de vanguarda, têm o potencial de dinamizar a vida no campo e são a força motriz e multiplicadora desse projeto.Abstract: This study aimed to understand the insertion of young people in the MST's greening process and, at the same time, analyze the motivating and limiting factors that enable the young agroecological peasant to remain in the countryside. The empirical research was developed with the use of oral history with young people who are inserted in the agroecological practice, in two settlements - Contestado (Lapa/Pr) and São Joaquim (Teixeira Soares/Pr) and with two camps - Jose Lutzenberger (Antonina /Pr) and Emiliano Zapata (Ponta Grossa/Pr), and with MST leaders and observation in the last three Agroecological Conferences held. As analytical categories, we use the habitus to situate family relationships as one of the spaces of sociability and life of consolidation of the agroecological project. We identified that relationships with patriarchal remnants are still present, but that, due to the concept of agroecology that has been built, by the sum of various struggles, including the issue of gender, there is a "loosening" in these relationships. This reflects positively on young people due to the climate of more openness, which is created in the family and enhances their autonomy and freedom, as one of the motivating factors for staying in the countryside. However, challenging issues such as gender, difficult access to DAP, weakness of specific policies for young people and for agroecology, participation in Youth Collectives, among others, still persist. Another analytical category used in this study is Political Ecology/Environmental Rationality. Agroecology as a project under construction that forms a new, environmental rationality. The agroecology and education days, with an agroecological focus, contribute to the consolidation of the MST's greening project. In this process, young people are at the forefront, have the potential to make life in the countryside more dynamic and are the driving force and multiplier of this project.Résumé: Cette étude visait à comprendre l'insertion des jeunes dans le processus de verdissement du MST et, en même temps, à analyser les facteurs motivants et limitatifs qui permettent au jeune paysan agroécologique de rester à la campagne. La recherche empirique a été développée avec l'utilisation de l'histoire orale avec des jeunes qui sont insérés dans la pratique agroécologique, dans deux localités - Contestado (Lapa/Pr) et São Joaquim (Teixeira Soares/Pr) et avec deux camps - Jose Lutzenberger (Antonina /Pr) et Emiliano Zapata (Ponta Grossa/Pr), et avec les dirigeants du MST et l'observation des trois dernières conférences agroécologiques tenues. En tant que catégories analytiques, nous utilisons l'habitus pour situer les relations familiales comme l'un des espaces de sociabilité et de vie de consolidation du projet agroécologique. Nous avons identifié que les relations avec les vestiges patriarcaux sont toujours présentes, mais que, du fait du concept d'agroécologie qui s'est construit, par la somme de diverses luttes, dont la question du genre, il y a un " relâchement " de ces relations. Cela se répercute positivement sur les jeunes en raison du climat de plus grande ouverture, qui se crée dans la famille et renforce leur autonomie et leur liberté, comme l'un des facteurs de motivation pour rester à la campagne. Cependant, des problèmes tels que le genre, l'accès difficile au DAP, la faiblesse des politiques spécifiques pour les jeunes et pour l'agroécologie, la participation aux Collectifs de Jeunes, entre autres, persistent. Une autre catégorie analytique utilisée dans cette étude est l'écologie politique/la rationalité environnementale. L'agroécologie comme projet en construction qui forme une nouvelle rationalité environnementale. Les journées agroécologie et éducation, à vocation agroécologique, contribuent à la consolidation du projet de verdissement du MST. Dans ce processus, les jeunes sont au premier plan, ont le potentiel de dynamiser la vie à la campagne et sont le moteur et le multiplicateur de ce projet