Experiência religiosa e formação do psicólogo : vivências e percepções do estudante de psicologia

Orientador: Prof. Dr. Adriano Furtado HolandaDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Defesa : Curitiba, 29/08/2018Inclui referênciasÁrea de concentração: Psicologia ClínicaResumo: O Brasil é um país conhecido por sua diversidade religiosa e liberdade de culto. Diante de uma população bastante religiosa, conquanto, religião e espiritualidade são assuntos pouco explorados em cursos de formação superior ligados à área da saúde. Da mesma forma, poucos estudos têm se proposto a abordar aspectos relacionados à espiritualidade e religiosidade do estudante universitário frente aos contrastes e implicações com a área de conhecimento escolhida. Nos cursos de psicologia, o tema religião pode ainda tender a um maior afastamento, dado a problemas históricos e entraves epistemológicos estabelecidos desde o nascimento da psicologia moderna. Desta feita, o objetivo deste estudo se concentra em investigar e compreender a relação entre a experiência de espiritualidade/religiosidade (E/R) do estudante de psicologia e sua formação científica, acadêmica e profissional como psicólogo. O trabalho é composto por um estudo teórico e outro de caráter empírico, apresentado no formato de quatro artigos. O primeiro texto discute os principais achados identificados na literatura sobre profissionais e estudantes da área da saúde dentro do escopo religião e espiritualidade. O segundo texto apresenta uma revisão sistemática de literatura sobre a vivência de E/R do estudante de psicologia. O estudo empírico, apresentado nos artigos três e quatro, foi realizado com 561 estudantes de psicologia de quatro Instituições de Ensino Superior (IES), sendo uma pública, duas privadas e uma confessional. Trata-se de um estudo descritivo, de natureza qualitativa e quantitativa, de recorte transversal e coleta de dados realizada com questionário estruturado. No artigo três são apresentados os resultados do estudo quantitativo, cujo objetivo consistiu em realizar um levantamento a respeito do perfil de E/R do estudante de psicologia com base em suas experiências, percepções, práticas e história espiritual/religiosa. No último artigo são apresentados os resultados do estudo qualitativo que teve como objetivo investigar como os formandos da amostra (N=108) vivenciam sua E/R em relação ao ambiente acadêmico e à formação como psicólogo. O estudo empírico indicou um número elevado de estudantes de psicologia sem religião (42,7%), especialmente na instituição pública (58,9%); e diferenças significativas na centralidade da religiosidade entre os grupos investigados. Os acadêmicos da IES confessional tendem a ser mais religiosos, acreditar na existência de um transcendente e a estarem mais convictos a respeito de suas crenças e experiências religiosas do que os estudantes da IES pública. A relação entre Psicologia e Religião aparece como um tema elaborado superficialmente entre os formandos, especialmente no que se refere à experiência pessoal de crenças ou não crenças religiosas e a futura prática profissional. O estudo como um todo mostra um afastamento do tema religião e espiritualidade nos cursos de formação em psicologia e em áreas da saúde; e a demanda de uma discussão presente e aberta sobre essa dimensão humana no âmbito da formação pessoal, científica e profissional nesse campo do conhecimento.Abstract: Brazil is a country known for its religious diversity and freedom of worship. Faced with a very religious population, however, religion and spirituality are subjects not explored in higher education courses related to health. Likewise, few studies have proposed to address aspects related to the spirituality and religiosity of the university student in the face of the contrasts and implications with the chosen area of knowledge. In the courses of psychology, the theme religion can still tend to a greater distance, given the historical problems and epistemological obstacles established since the birth of modern psychology. The purpose of this study is to investigate and understand the relationship between the spirituality/religiosity experience of psychology students and their scientific, academic and professional background as a psychologist. The paper is composed of a theoretical and an empirical study, presented in the format of four articles. The first text discusses the main findings identified in the literature on health professionals and students within the scope of religion and spirituality. The second text presents a systematic review of literature on the student's spirituality/religiosity experience of psychology. The empirical study, presented in articles three and four, was carried out with 561 psychology students from four Higher Education Institutions (HEI), one public, two private and one confessional. This is a descriptive study, of a qualitative and quantitative nature, of crosscutting and data collection performed with a structured questionnaire. In article three we present the results of the quantitative study, whose objective was to carry out a survey about the student's spirituality/religiosity profile of psychology based on their experiences, perceptions, practices and spiritual/religious history. In the last article we present the results of the qualitative study, whose objective was to investigate how the trainees in the sample (N = 108) experience their spirituality/religiosity in relation to the academic environment and the training as a psychologist. The empirical study indicated a high number of non-religious psychology students (42.7%), especially in the public institution (58.9%); and significant differences in the centrality of religiosity among the groups investigated. Confessional HEI scholars tend to be more religious, believe in the existence of a transcendent, and to be more convinced about their religious beliefs and experiences than the public HEI students. The relationship between Psychology and Religion appears as a topic superficially elaborated among the trainees, especially with regard to personal experience of beliefs or non-religious beliefs and future professional practice. The study as a whole shows a departure from the theme religion and spirituality in training courses in psychology and health areas; and the demand for a present and open discussion on this human dimension in the field of personal, scientific and professional training in this field of knowledge