Qualidade de vida e saúde mental dos reclusos

Dissertação de mestrado em Psicologia Clínica, Universidade Lusíada de Lisboa, 2021Exame público realizado em 4 de Fevereiro de 2022O sistema penal prisional é uma instituição de isolamento do mundo exterior privando o sujeito do contato com a sociedade externa a prisão. Este isolamento poderá prejudicar a saúde mental dos sujeitos e após o cumprimento da pena dificultar o processo de reintegração e adaptação na sociedade. Diversos fatores podem contribuir para a saúde mental dos reclusos. Deste modo, levando em consideração o bem-estar dos reclusos em cumprimento da pena, torna-se pertinente estudar o estado de saúde mental desses sujeitos, uma vez que estão em processo de recuperação do motivo que os levaram a detenção. O objetivo geral deste estudo foca-se em estudar a saúde mental dos reclusos tendo em conta a idade, o género, a sua qualidade de vida e respetivas dimensões: física, psicológica, social e ambiental, e os seus afetos positivos e negativos. Este estudo contou com um total de 164 reclusos, dentre eles 138 pertencem ao género masculino e 26 ao sexo feminino, todos os 164 reclusos compreendem a idade entre os 18 e os 79 anos de idade. Todos os participantes pertencem ao total de 4 estabelecimentos prisionais portugueses. Para a recolha de dados foram utilizados os instrumentos Positive and Negative Affect Schedule (PANAS) e o Questionário Sociodemográfico e Jurídico-penal. O estudo tem uma metodologia quantitativa a partir de um design transversal. Os resultados demostraram diferenças estatisticamente significativas ao nível da saúde mental para as variáveis o sexo, a faixa etária da idade, a frequência escolar e a ocupação laboral que corroboram para a dificuldade ao nível da saúde mental dos reclusos em contexto prisional. Os afetos negativos também surgem como um forte preditor da experiência de mal-estar dos reclusos. Os resultados obtidos reforçam e salientam a importância do psicólogo clínico e da intervenção dos cuidados de saúde mental em contexto prisional.The prison penal system is an institution of isolation from the outside world, depriving the subject of contact with society outside the prison. This isolation may harm the subjects' mental health and, after serving the sentence, make the process of reintegration and adaptation into society more difficult. Several factors can contribute to the mental health of prisoners. Thus, taking into account the well-being of inmates serving their sentence, it is pertinent to study the mental health status of these subjects, since they are in the process of recovering the reason that led them to detention. The general objective of this study focuses on studying the mental health of prisoners taking into account age, gender, their quality of life and respective dimensions: physical, psychological, social and environmental, and their positive and negative affects. This study had a total of 164 inmates, among them 138 are male and 26 are female, all 164 inmates are aged between 18 and 79 years old. All participants belong to a total of 4 Portuguese prisons. For data collection, the instruments Positive and Negative Affect Schedule (PANAS) and the Sociodemographic and Criminal Legal Questionnaire were used. The study has a quantitative methodology based on a cross-sectional design. The results showed statistically significant differences in terms of mental health for the variables gender, age group, school attendance and work occupation, which corroborate the difficulty in terms of mental health of prisoners in a prison context. Negative affects also emerge as a strong predictor of the inmates' experience of malaise. The results obtained reinforce and highlight the importance of the clinical psychologist and the intervention of mental health care in a prison context