Desafios e Estratégias de Transição de Carreira e Primeiro Negócio no Brasil

Empreender é um ato de coragem. Romper ancoras que promovem estabilidade e aventurar-se em caminhos novos e incertos é um ato de bravura. A decisão de largar uma carreira estável, a capacidade de perseguir um sonho, uma ideia criativa não é fácil. Assim como estar em situação de desemprego e optar por constituir um negócio em ambientes incertos e, por vezes, hostil ao invés de retornar à estabilidade de um trabalho remunerado, não parecem ser fenómenos fáceis de se compreender face as inúmeras variáveis envolvidas no processo de tomada de decisão. Neste contexto, esta investigação objetiva identificar os desafios e estratégias que o indivíduo vivencia ao constituir um negócio após transição de carreira do trabalho por conta de outrem (trabalho remunerado) para o empreendedorismo, além de conhecer as nuances destes caminhos e como as experiências vividas durante o percurso impactam na constituição do primeiro negócio. Esta investigação apoia-se na Teoria do Capital Humano proposta por Becker (1962) e na Teoria da Efetivação de Sarasvathy (2001) para buscar respostas às questões de investigação. O modelo proposto para esta investigação baseia-se na medição da atividade empreendedora usada pelo GEM-2020. A investigação é de natureza qualitativa e os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas a adultos brasileiros que, voluntário ou involuntariamente, saíram de seus empregos e vivenciaram experiência da transição de carreira para a criação do próprio negócio. Os dados foram analisados indutivo e dedutivamente por meio do software QSR Nvivo e da codificação axial (Strauss e Corbin, 1998). Os resultados obtidos mostram que no processo de transição de carreira para o empreendedorismo o indivíduo precisa buscar alinhar conhecimento empírico e académico para desenvolver habilidades técnicas e gerenciais voltadas a possibilidade de empreender e experimentar atividades empreendedoras enquanto empregado do setor privado para conhecer o mercado e potencializar suas ideias de negócio.Undertaking is a courage act. Breaking anchors that promote stability and venturing into new and uncertain paths is an act of bravery. It is not easier the decision to quit a stable career, be able to follow-up a dream, a creative idea. As well as being unemployed and choosing to undertake in uncertain and, sometimes, hostile environments instead of returning to the stability of a paid job. This does not seem to be an easy phenomenon to understand, given the numerous variables involved in the decision-making process. In this context, this investigation aims to identify the challenges and strategies that the individual experiences when building a business following a career transition from paid work to entrepreneurship. In addition, knowing the nuances of these paths and how experiences lived during the path impact the building of the first business. This investigation is supported by the Theory of Human Capital proposed by Becker (1962) and the Theory of Effectiveness by Sarasvathy (2001) to seek answers to the research questions. The conceptual model for this research is based on the measurement of entrepreneurial activity used by the GEM-2020. The research is qualitative and data were obtained through semi-structured interviews to Brazilian adults who voluntarily or involuntarily quit their jobs and experienced a career transition to creating their own enterprise. Data were analyzed inductively and deductively using the QSR Nvivo software and axial coding (Strauss and Corbin, 1998). Findings show that in the process of career transition to entrepreneurship, the individual needs to seek to align empirical and academic knowledge to develop technical and managerial skills aimed at the possibility of the undertaking and experimenting entrepreneurial activities while employed in the private sector to know the market and leverage their business ideas