Desenvolvimento e aplicação dos líquidos iônicos

O século 21 tem sido marcado por crescentes preocupações com o desenvolvimento sustentável e a aplicação dos princípios da Química Verde. Assim, os esforços tecnológicos para substituir a utilização de substâncias nocivas e/ou processos poluidores têm aumentado consideravelmente ao longo dos últimos anos. Nesse contexto, destacam-se os líquidos iônicos, potenciais “solventes verdes”. Propriedades como não inflamabilidade, não volatilidade, reciclabilidade e a possibilidade de ajustar as propriedades físico-químicas tornam os líquidos iônicos capazes de substituir os solventes orgânicos voláteis de maneira satisfatória. Inicialmente, estas substâncias eram apenas utilizadas pelos eletroquímicos como eletrólitos ideais para baterias. No entanto, suas vantajosas propriedades possibilitam que os mesmos sejam empregados das mais diversas formas, como dispositivos eletroquímicos, catalisadores, aditivos, em processos de separação e extração, dentre outros. Tal fato tem despertado o interesse da comunidade científica, o que é evidenciado pelo aumento substancial dos estudos relacionados ao tema. Neste trabalho, um estudo de prospecção tecnológica em três bancos de patentes foi realizado, com o objetivo de avaliar os avanços relacionados aos líquidos iônicos, identificando-se os principais países patenteadores e as áreas de aplicação dos mesmos que mais se destacam. É apresentado ainda como estudo de caso, o Processo Difasol, desenvolvido pelo Instituto Francês do Petróleo, que utiliza os líquidos iônicos como meio reacional em um sistema bifásico para oligomerização de olefinas de baixa massa molecular. Embora os líquidos iônicos possuam aplicações promissoras, ainda há obstáculos a serem ultrapassados. Um dos principais é a escolha do líquido iônico apropriado. A variedade de possíveis combinações de cátions e ânions formando novos líquidos iônicos torna a escolha ótima uma tarefa árdua, apesar de ser uma vantagem em termos de possibilidade de ajuste das propriedades físico-químicas. Além disso, os custos ainda representam uma barreira à sua comercialização