As conveniências do vestuário ficcional: a representação da indumentária feminina nos romances Cinco minutos e A viuvinha, de José de Alencar

Este trabalho analisa a indumentária de Carlota e Carolina nos romances Cinco minutos e A viuvinha (1857), publicados, respectivamente, em 1856 e 1857, com o objetivo de demonstrar que José de Alencar valeu-se dos trajes para compor, não só, as identidades dessas personagens, mas, também, certas características do enredo desses romances. Para isso, examinamos, inicialmente, ambos os romances com o intuito de identificar a concepção de vestuário feminino adotada pelo romancista. Em seguida, comparamos a perspectiva alencariana com a moda oitocentista estampada nos periódicos da época, assinalando a discrepância entre os padrões indumentários do universo ficcional de Alencar e os que eram divulgados nos jornais e revistas. Ao expor o distanciamento entre essa moda veiculada pelos jornais e a que se apresenta na narrativa de Alencar, destacamos a proximidade entre as vestimentas das personagens femininas e as concepções de moda e de comportamento presentes nos manuais de etiqueta e civilidade. Por fim, exploramos a visão crítica de Alencar sobre a indumentária da época, em seu trabalho como editor-chefe de O Diário do Rio de Janeiro, articulando-a à possibilidade de que o escritor teria procurado, nesses dois romances, alertar a mulher burguesa acerca das complicações que a moda impunha em seu cotidiano