Identificação de produtos de oxidação voláteis do biodiesel submetido a oxidação acelerada por Rancimat

Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a produção de biodiesel no Brasil cresce a cada ano e, por consequência, sua comercialização também. A principal função do biodiesel, atualmente, é substituir o óleo diesel em um teor de 10% em volume, mas futuramente a ideia é que este valor seja aumentado. Dito isso, o monitoramento da qualidade do biodiesel ganha cada vez mais destaque, e um dos maiores problemas relacionados a este combustível é a sua estabilidade à oxidação. Por ser um combustível não-inerte, ao contrário do óleo diesel, o biodiesel sofre oxidação, principalmente, motivada pela presença de ligações duplas nas longas cadeias carbônicas dos ésteres de ácidos graxos que o constituem. A oxidação deste biocombustível pode ocasionar problemas nos motores e sistemas de injeção, uma vez que pode produzir compostos corrosivos, sólidos e, também, voláteis. Os últimos citados, são o objeto de estudo deste trabalho, e foram obtidos a partir da oxidação forçada de amostras de biodiesel puro e óleo diesel comercial pela técnica do equipamento Rancimat, descrita na norma EN 14112. A identificação destas substâncias ocorreu por cromatografia gasosa com detector de ionização de chama (GC-FID) e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (GC/MS). Foram analisadas, primeiramente, amostras-padrão dos ácidos acético, propanóico, hexanóico e nonanóico, com o intuito de observar seus tempos de retenção e a adequação do método proposto para análise dos produtos de oxidação. As amostras analisadas foram das águas residuais obtidas no Rancimat após o processo completo de oxidação, com anotação dos tempos obtidos e comparados à especificação vigente. Os quatro ácidos usados como padrões foram identificados nas amostras de estudo por GC-FID, ao comparar-se os picos cromatográficos e os seus respectivos tempos de retenção. A seguinte técnica aplicada foi a GC/MS, para confirmação da presença dos ácidos e, possivelmente, identificação de outros compostos de diferentes grupos funcionais. Os ácidos carboxílicos tiveram suas identificações confirmadas com altas probabilidades calculadas (superiores a 70%) a partir da comparação dos espectros de massas gerados com aqueles observados na literatura. Foi possível, também, observar compostos como hexanal, propanal, éter dimetílico, ácido oxálico, entre outros