Intervanção nutricional para melhora da qualidade de vida em mulheres com fibromialgia

Orientadora: Dra. Regina Maria VilelaCoorientador: Dr. Eduardo dos Santos PaivaDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Alimentação e Nutrição . Defesa : Curitiba, 01/07/2019Inclui referências: p. 71-86Resumo: A Fibromialgia (FM) é uma condição caracterizada por dor crônica difusa, com grande impacto na qualidade de vida, capacidade laborativa e atividade física diária. Apesar do diagnóstico da doença ser clínico, exames de neuroimagem funcional demonstram alterações químicas cerebrais, com níveis elevados de glutamato em algumas regiões do cérebro daqueles com FM, e, correlação destes níveis de glutamato, com a dor. Glutamato é um neurotransmissor excitatório com funções na fisiologia da dor. Na alimentação, fontes comuns de glutamato na forma livre são queijos maturados, tomate, cogumelos e alimentos adicionados de glutamato monossódico (GMS), um realçador de sabor. Na literatura, discute-se a remissão dos sintomas da FM após restrição da dieta de alimentos fonte de glutamato livre, em associação com a restrição de aspartame, um adoçante dietético, apontado como um dos alimentos os quais pessoas com FM podem ser mais sensíveis. Desta forma, o objetivo deste trabalho foi investigar se mulheres com FM têm melhora na qualidade de vida (QV) após orientação dietética com restrição de alimentos fonte de glutamato livre e aspartame. Trata-se de um estudo clínico de intervenção, de 4 semanas de duração, realizado com mulheres com FM, divididas em dois grupos: controle (GC), o qual recebeu orientação nutricional padrão, baseada no Guia Alimentar para População Brasileira, e grupo intervenção (GI), o qual recebeu orientação nutricional específica. Foram aplicados o Questionário de Impacto da Fibromialgia Revisado (FIQR), para avaliação da QV, o Recordatório Alimentar 24 horas, o Questionário de Consumo Alimentar (QCA) e o Questionário de Frequência Alimentar específico para Glutamato livre e aspartame (QFAGA), para a avaliação do consumo alimentar e realização das orientações nutricionais, além do registro de dados socioeconômicos, e aferição do peso e altura. A análise de dados foi realizada no IBM® SPSS® Statistics 24.0, com análise bivariada dos dados e regressão linear. Após 4 semanas de intervenção, o GI apresentou redução no FIQR de 12,5 pontos, não observada no GC (p=0,027), indicando possível melhora na QV do GI. Quando controlado para idade, escolaridade, renda e pontuação no QFAGA, não foi possível estabelecer uma associação entre o consumo de glutamato livre e aspartame, e FIQR. Desta forma, houve importante redução do FIQR no GI, indicando que a orientação nutricional pode ter impactado positivamente na QV, mas ainda são necessários mais estudos para indicar a relação entre a restrição de glutamato livre e aspartame da dieta e a melhora da QV destes indivíduos. Este trabalho destaca a importância da nutrição no tratamento multidisciplinar da FM.Abstract: Fibromyalgia (FM) is a condition characterized by chronic diffuse pain, with a significant impact on the quality of life (QoL), work capacity and daily physical activity. Although the diagnosis of the disease is clinical, functional neuroimaging studies demonstrate brain chemical changes with elevated levels of glutamate in some brain regions of patients with FM. Some studies have shown that glutamate levels in certain brain regions are correlated with pain levels. Glutamate is an excitatory neurotransmitter with functions in the physiology of pain. In food, common sources of glutamate in free form are matured cheeses, tomatoes, mushrooms and foods added with monosodium glutamate (MSG), a flavor enhancer. In the literature, there are reports regarding remission of symptoms in FM patients after restriction in the diet of foods high in free glutamate in association with the restriction of aspartame, a dietary sweetener, which is indicated as one of the foods that FM patients may be more sensitive. Thus, the objective of this study was to investigate whether women with FM improve quality of life (QoL) after dietary guidance with restriction of foods high in free glutamate and aspartame. This is a 4-week clinical intervention study with women with FM, divided into two groups: control (CG), which received standard nutritional guidance, based on the Brazil Official Diet Guidelines and intervention group (IG), which received specific nutritional guidance. The revised Fibromyalgia Impact Questionnaire (FIQR), were applied for QoL, and the 24-hour Food Recall, the Food Consumption Questionnaire and the Food Frequency Questionnaire specific for Free Glutamate and Aspartame (QGAGA), were applied for food consumption and for nutritional counseling, in addition to recording socioeconomic data, and weight and height measurement. Data analysis was performed on IBM® SPSS® Statistics 24.0, with bivariate data analysis and linear regression. After 4 weeks of intervention, the IG presented a reduction in FIQR of 12.5 points, not observed in the CG (p = 0.027), indicating a possible improvement in QoL in the IG. However, when controlled for age, schooling, income and scores in the QGAFA, it was not possible to establish an association between free glutamate consumption and FIQR. Thus, there was a significant reduction of FIQR in IG, indicating that nutritional orientation may have a positive impact on QoL, but further studies are needed to indicate the relationship between free glutamate and aspartame restriction in the diet and the improvement in the QoL of these patients. It is also important to emphasize the importance of nutrition in the multidisciplinary treatment of FM