O autismo no espelho : reflexões conceituais entre o estádio do espelho e o autismo

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Rosane Zétola LustozaCoorientadora: Prof.ª Dr.ª Nohemí Ibáñez BrownDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Defesa : Curitiba, 17/12/2021Inclui referências: p. 127-133Resumo: A presente dissertação tem como objetivo articular o conceito do estádio do espelho e a constituição do sujeito no autismo com base em um dos conceitos fundamentais da obra de Lacan: o Estádio do Espelho, desenvolvido e modificado ao longo de algumas décadas e que atravessou em diversas ocasiões a obra lacaniana. Para alcançar tal objetivo há, primeiramente, um percurso em algumas obras freudianas selecionadas para tratar da constituição do Eu e do corpo, por meio de conceitos como o narcisismo, os objetos de Lust e de Unlust, assim como o duplo, do infamiliar. Na obra de Freud a constituição do Eu e do corpo unificado são simultâneas, são uma mesma moeda, pois um não pode existir sem o outro. No segundo capítulo tratamos, especificamente, do conceito do estádio do espelho. Com ele pode-se observar que a constituição do sujeito é um processo múltiplo e complexo, que precisa de uma imagem especular do Eu e do corpo como base, mas que precisa também ser atravessado pela voz e pelo olhar do Outro, que, além disso, é responsável por transmitir o tesouro dos significantes, que permite à criança adentrar no meio da troca social mediada pela linguagem. Em meio a esse cenário, no terceiro capítulo, somase o conceito do autismo, a fim de pensar em como se daria o processo constitutivo do autista. É importante destacar aqui que o diagnóstico de autismo está aumentando de forma exponencial desde a nova classificação do DMS-5, a partir do qual tornouse um espectro. Todavia, na psicanálise, o diagnóstico é distinto ao DSM-5 e passa por uma série de observações clínicas de como a criança se relaciona com os pais ou cuidadores, com seu próprio corpo e com as palavras. Para tanto, há a apresentação de vinhetas clínicas que visam associar o que ocorreu na prática com a teoria na qual a pesquisa objetiva se circunscreve.Abstract: The present master thesis aims to articulate the concept of the mirror stage and the constitution of the subject in autism based on one of the fundamental concepts in Lacan's work: the Mirror Stage, developed and modified over several decades and that crossed the Lacanian work on several occasions. To achieve this goal, there is first a journey through some selected Freudian works to deal with the constitution of the self and the body, through concepts such as narcissism, the objects of Lust and Unlust, as well as the double, the unfamiliar. In Freud's work, the constitution of the "I" and of the unified body are simultaneous, they are the same coin, because one cannot exist without the other. In the second chapter we deal specifically with the concept of the mirror stage. With it, it can be observed that the constitution of the subject is a multiple and complex process, which needs a mirror image of the self and the body as a basis, but which also needs to be crossed by the voice and the gaze of the Other, who is also responsible for transmitting the treasure of the signifiers, which allow the child to enter into social exchange mediated by language. In the middle of this scenario, in the third chapter, the concept of autism is added in order to think about how the constitutive process of autism would work. It is important to note here that the diagnosis of autism is increasing exponentially since the new DMS-5 classification, in which it has become a spectrum. However, in psychoanalysis, the diagnosis is distinct from DSM-5 and involves a series of clinical observations of how the child relates to parents or caregivers, to his or her own body, and to words. In the end, there is a presentation of clinical vignettes that aim to associate what occurred in practice with the theory on which the research aims to focus