Avaliação do algoritmo C2RCC para a análise do material particulado em suspensão no Complexo Estuarino de Paranaguá

Orientador: Mauricio Almeida NoernbergMonografia (graduação) - Universidade Federal do Paraná, Campus Pontal do Paraná, Centro de estudo do Mar, Curso de Graduação em Oceanografia.Inclui referênciasResumo : O estudo do material particulado em suspensão (MPS) é de grande importância, já que este se relaciona com o balanço sedimentar de regiões costeiras, com a poluição marinha, com a saúde dos ecossistemas aquáticos e com obras de dragagem. O sensoriamento remoto figura como uma excelente ferramenta de estudo do MPS por possibilitar a cobertura de grandes áreas por um baixo custo. O presente trabalho teve como objetivo a análise do MPS por sensoriamento remoto no Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP) - PR. Para tanto, foi utilizado o algoritmo C2RCC (Case 2 Regional CoastColour), que é baseado em redes neurais artificiais e foi desenvolvido para águas costeiras e estuarinas. O algoritmo foi aplicado a 50 imagens do satélite Sentinel-2 entre os anos de 2016 e 2021. O padrão de distribuição do MPS nos dois eixos do CEP (um no sentido L-O e outro no N-S) foi comparado com o observado em campo por dois trabalhos anteriores. A concentração média de MPS gerada pelo C2RCC foi de 26,68 ± 10,71 g/m³ (média ± desvio padrão), mesmo valor que os dados de campo utilizados para a calibração dos parâmetros do algoritmo. Além disso, as concentrações de MPS obtidas pelo C2RCC estiveram na mesma ordem de grandeza que as obtidas in situ. A variabilidade sazonal do MPS obtido por sensoriamento remoto mostrou maiores concentrações no verão e menores no inverno, com tendência de diminuição em direção à desembocadura. Esse padrão de distribuição difere dos dados de campo utilizados para comparação, mas não há consenso na literatura sobre a sazonalidade do MPS na área de estudo. Ademais, a análise permitiu a identificação da zona de máxima turbidez no eixo N-S do CEP. A dificuldade para a identificação dessa feição no eixo L-O provavelmente se deve às diferenças conceituais entre MPS e turbidez e/ou à variabilidade espaçotemporal dessa feição. A pluma estuarina do CEP pode ser observada, com maior concentração no verão (estação chuvosa) e maior variabilidade no inverno (maior energia de ondas). Os baixios representaram um dos principais desafios ao presente estudo, criando picos ou vales na concentração observada. Entre os efeitos associados aos baixios, destacam-se a alta reflectância do fundo, uma possível falha na correção atmosférica e altos valores de absorção. Em relação às forçantes, a maré parece ser preponderante na dinâmica do MPS na área de estudo, em concordância com a literatura e corroborando com os resultados do algoritmo. Por fim, foram feitas algumas recomendações para futuros trabalhos, com base nas dificuldades e potencialidades aqui encontradas