Fatores associados a sibilância recorrente em lactentes : há diferença entre os sexos?

Orientador: Prof. Dr. Herberto José Chong NetoDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Defesa : Curitiba, 22/06/2020Inclui referênciasResumo: Sibilância recorrente em lactentes caracteriza-se, por três ou mais episódios de chiados e/ou sibilos agudos em um curto período, tornando-se, relevante a morbidade e mortalidade respiratória, sobretudo na possível associação de cada sexo. Objetiva-se identificar os fatores associados à sibilância recorrente entre os sexos e revisar o papel do gênero na patogênese da asma utilizando dados de estudos epidemiológicos e clínicos. Estudo transversal, utilizando os dados do questionário padronizado do Estudio Internacional sobre Sibilancias em Lactantes (EISL). O instrumento foi aplicado aos pais de crianças com idade entre 12 e 15 meses de vida no momento da imunização ou consulta de rotina em Belo Horizonte, Belém, Curitiba, Recife e São Paulo, na fase I do EISL realizado em 2005 e 2006. E uma revisão bibliográfica não sistemática da literatura de cunho exploratório sobre a temática. Foram envolvidos 9349 lactentes, sendo mil duzentos e sessenta e um (13,5%) meninos sibilantes recorrentes, e novecentos e sessenta e duas (10,3%) meninas, respectivamente (p 10 episódios de resfriado (OR = 3,46; IC 95% 2,35-5,07), poluição intradomiciliar (OR = 1,33; IC 95% 1,12-1,59), mofo em casa (OR = 1,23; IC 95% 1,03-1,47), afrodescendentes (OR = 1,42; IC 95% 1,20-1,69), diagnóstico de pneumonia (OR = 1,40; IC 95% 1,13-1,74), episódios graves de sibilância no primeiro ano (OR = 1,56; IC 95% 1,29-1,89), tratamento com broncodilatadores (OR = 1,60; IC 95% 1,21-2,10), com corticosteróides orais (OR = 1,23; IC 95% 1,01- 1,52). Os fatores associados a sibilância recorrente em meninas foram tabagismo passivo (OR = 1,24; IC 95% 1,01-1,51), pais com diagnóstico de asma (OR = 1,32; IC 95% 1,08-1,62), pais com rinite alérgica (OR = 1,26; IC 95% 1,04-1,53), frequência à creche (OR = 1,48; IC 95% 1,17-1,88), resfriados nos primeiros 6 meses de vida (OR = 2,19; IC 95% 1,69-2,82), diagnóstico pessoal de asma (OR = 1,84; IC 95% 1,39-2,44), atendimentos de emergência (OR = 1,78; IC 95% 1,44- 2,21), sintomas noturnos (OR = 2,89; IC 95% 2,34-3,53) e imunização atualizada (OR = 0,62; IC 95% 0,41-0,96). Quanto a revisão de literatura evidenciou que os fatores como ambiente, genética, etnia, obesidade, sexo e fenótipos específicos podem ter implicações importantes nos sintomas e tratamento da asma. As diferenças relacionadas aos sexos na prevalência, fisiopatologia e morbidade da asma devem ser consideradas na avaliação e escolha do tratamento dos pacientes com asma. Conclui-se que existem diferenças nos fatores associados à sibilância recorrente entre os sexos. A identificação dessas diferenças pode ser útil para abordar e tratar a sibilância recorrente entre meninos e meninas.Abstract: Recurrent wheezing in infants characterized by three or more episodes of wheezing or wheezing in a short period of time, reproducing, do not affect respiratory morbidity and mortality, especially in the intrinsic association with each sex. Objective identify associated factors for recurrent wheezing infants between the genders and to review the role of gender in the pathogenesis of asthma using data from epidemiological and clinical studies. Cross-sectional multicentric study using the standardized questionnaire from the Estudio Internacional sobre Sibilancias en Lactantes (EISL). The questionnaire was applied to parents of 9,345 infants aged 12 to 15 months at the time of immunization or routine visits. It is a non-systematic bibliographic review of the exploratory literature on the subject. One thousand two hundred and sixty-one (13.5%) males and nine hundred sixty-three (10.3%) females have had recurrent wheezing (? 3 episodes), respectively (p10 colds episodes (OR=3.46; IC 95% 2.35-5.07), indoor air pollution (OR=1.33; IC 95% 1.12-1.59), molds at home (OR=1.23; IC 95% 1.03-1.47), afrodescendents (OR=1.42; IC 95% 1.20-1.69), hospitalized for asthma (OR=1.41; IC; 1.11-1.78), severe episodes of wheezing in the first year (OR=1.56; IC 95% 1.29-1.89), treatment with bronchodilators (OR=1.60; IC 95% 1.22-2,1) treatment with oral corticosteroids (OR=1,23; IC 95% 1.00-1,52). Associated factors for recurrent wheezing for females were passive smoking (OR=1.24; IC 95% 1.01- 1,51), parents diagnosed with asthma (OR=1.32; IC 95% 1,08-1,62), parents with allergic rhinitis (OR=1.26; IC 95% 1.04-1.53), daycare attendance (OR=1.48; IC 95% 1.17-1,88), colds in the first 6 months of life (OR=2.19; IC 95% 1.69-2.82), personal diagnosis of asthma (OR=1.84; IC 95% 1.39-2.44), emergency room visits (OR=1.78; IC 95% 1.44-2.21), nighttime symptoms (OR=2.89; IC 95% 2.34-3.53) and updated immunization record (OR=0.62; IC 95% 0.41-0.96). As for the literature review, it was shown that factors such as environment, genetics, ethnicity, obesity, sex and specific phenotypes can have important implications for asthma symptoms and treatment. Differences related to sex in the prevalence, pathophysiology and morbidity of asthma must be considered in the assessment and choice of treatment of patients with asthma. Conclusion there are differences in associated factors for recurrent wheezing between genders. Identification of these differences could be useful to approach and management of recurrent wheezing between boys and girls