Estudo das condições atmosféricas associadas a incêndios florestais na Ilha da Madeira

Compreender os efeitos da atmosfera e da topografia na propagação do fogo em contextos específicos é fundamental para apoiar estratégias de prevenção e supressão de incêndios. Neste estudo, as condições atmosféricas associadas a incêndios florestais históricos que ocorreram na Ilha da Madeira são analisados a partir de modelação atmosférica. O modelo Meso-NH foi usado para identificar o ambiente de mesoscala durante três eventos de incêndios florestais. O modelo foi configurado em dois domínios aninhados, um domínio com resolução de 2.5 km e um domínio menor com 500 m. O estudo apresenta uma análise sobre os fatores que favoreceram a evolução dos grandes incêndios ocorridos na Madeira em agosto de 2010, julho de 2012 e agosto de 2016. Estes incêndios foram selecionados por se caracterizarem pela sua grande dimensão que se expandiu em um curto período de tempo, ameaçando pessoas e propriedades nas áreas de interface urbano-florestal. As simulações de alta resolução foram capazes de indicar as regiões favoráveis a incêndios, nomeadamente aquelas afectadas por maiores temperaturas, menores valores de humidade relativa e por ventos muito fortes, o que se mostrou estar associado com a geometria da ilha e dos efeitos orográficos criados devido à interação da ilha com o escoamento atmosférico. O estudo destaca que o terreno local produz efeitos orográficos que aumentam o perigo de incêndio na encosta sul durante as condições atmosféricas típicas do verão