Os contributos dos grupos heterogéneos para a aprendizagem e desenvolvimento em educação de infância

Relatório da prática profissional supervisionada apresentado à Escola Superior de Educação de Lisboa para obtenção de grau de mestre em Educação Pré-EscolarO presente relatório surge no âmbito da Unidade Curricular (UC) da Prática Profissional Supervisionada (PPS) em jardim de infância (JI), do Mestrado em Educação Pré-Escolar. Este documento visa espelhar, de forma crítica e reflexiva, o caminho trilhado durante cerca de seis meses e meio de intervenção pedagógica com um grupo de crianças com idades compreendidas entre os 2 e os 6 anos de idade. Tendo em consideração o atual panorama socioeducativo, a problemática estudada surgiu, simultaneamente, da observação do contexto, especificamente do facto de o grupo de crianças com o qual iria contactar ser heterogéneo a nível etário. E do meu interesse no tema, isto porque a heterogeneidade sempre foi um tópico que me interessou e intimidou, por saber os seus benefícios para as crianças, mas por duvidar da minha capacidade em gerir constantemente um grupo tão desafiante nível do seu desenvolvimento e aprendizagens, como seria natural de esperar. Assim, fiquei interessada em compreender quais seriam os benefícios dessas interações para a aprendizagem e desenvolvimento das crianças e como seria realizada a gestão e organização do grupo pela equipa educativa. Metodologicamente, a investigação segue as diretrizes do método de estudo de caso e enquadra-se num paradigma de natureza qualitativa. Os dados foram recolhidos através da observação, notas de campo e entrevistas, sendo, posteriormente, analisados com recurso à análise de conteúdo. A investigação que conduzi na valência de JI possibilitou escutar as vozes das crianças e, deste modo, envolvê-las na construção de conhecimento acerca de si e dos seus mundos sociais. É importante ressalvar que nas interações entre as crianças transpareceram o carinho, a empatia e a atenção entre os pares. Também a responsabilidade, capacidade de liderança, autonomia e partilha de conhecimentos foram pontos a destacar. No que diz respeito às perceções das crianças, foi claro que as mesmas preferem estar num grupo com crianças de idades diferentes, existindo uma clara preferência por ajudar as crianças mais novas e brincar com todas as crianças, existindo uma maior incidência para a preferência por brincar com as crianças mais velhas. Relativamente à perceção da equipa educativa, isto é, a educadora cooperante e a auxiliar de ação educativa, ambas valorizam os grupos heterogéneos, referindo, com facilidade, inúmeros benefícios que os mesmos apresentam para as crianças. A realização de uma prática educativa diferenciada, de modo a acolher os interesses e necessidades das crianças, foi não só defendida pela equipa educativa, como sentida por mim nos vários momentos que a mesma proporcionou ao grupo.ABSTRACT This report was assembled for the curricular unit of Supervised Professional Practice (SPP) in kindergarten, included in the master’s degree in Preschool Education. This document reflects, in a critical and reflective manner, the path taken during the six months and a half of pedagogical intervention with a group of children with ages between 2 and 6 years old. In the current socio-educational panorama, the studied problem arose, simultaneously, from the observation of the context, specifically, from the fact that the group of children with whom it would contact would be heterogeneous at an age level. And of my interest in the theme, because heterogeneity has always been a topic that interested and intimidated me, for knowing its benefits for children, but for doubting my ability to constantly manage a group with such a challenging level of development and learning, as would be natural to expect. In obtaining this information I was interested in understanding what the benefits of these interactions were, for the learning and developing process of the children and how the group would be managed and organized. Methodologically, the investigation follows the guidelines of the case study and is part of a qualitative paradigm. The data were collected through observation, field notes and interviews, after that, the data were analyzed using content analysis. On the other hand, the research I conducted in the valence of JI (kindergarten) made it possible to listen to the voices of the children and, thus, to involve them in the construction of knowledge about themselves and their social worlds. Therefore, it is important to note that the interactions between the children imparted affection, empathy, and attention among peers. Also, the sense of responsibility, capacity of leadership, autonomy, and the sharing of knowledge were points to highlight. As far as children's perceptions are concerned, they prefer to be in a group with children of different ages but prefer to help younger children and play with all the children, however, there were a clear preference for playing with older children. Regarding the perception of the educational team, they both value heterogeneous groups, easy referring to the countless benefits it has for the children. The carrying of a differentiated practice, to welcome the interests and needs of children, was not only defended by the educational team, as felt by me in the various moments that we´re provided to the group, by them, on a daily basis.N/