Impacto da COVID-19 na saúde mental dos docentes e desafios do ensino remoto de emergência

A COVID-19 trouxe um desafio novo: lidar com a transição imediata entre o método presencial clássico e o ensino remoto de emergência (ERT). Este processo tem tido um enorme impacto no bem-estar e na saúde mental dos docentes, a nível mundial, com um risco aumentado de burnout. Foi conduzido um estudo transversal, quantitativo, qualitativo e analítico através de um inquérito online que incluía a caraterização sociodemográfica dos participantes, cinco questões de resposta aberta, focadas no ensino remoto de emergência e instrumentos de avaliação da saúde mental (escala CBI para o burnout, escala de resiliência, escala DASS para depressão, ansiedade e stress, e escala SWLS para a satisfação com a vida). Os resultados obtidos evidenciam níveis elevados de burnout pessoal em 41,2% dos participantes, 37,2% de burnout relacionado com o trabalho e 15,7% de burnout relacionado com os estudantes. A satisfação com a vida e as alterações da rotina do sono foram significativas em todas as dimensões de burnout. Sobre o ERT, as oportunidades de inovação pedagógica foram apontadas como as principais vantagens, as aulas práticas são as mais prejudicadas neste processo online, seguindo-se o isolamento e a falta de interação social. O ERT não é o método de ensino mais eficaz, nem para todos os estudantes, nem em todos os contextos. A combinação das vantagens dos métodos tradicional e online num método híbrido, com colaboração e comunicação entre todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem, parece ser uma boa opção para alcançar melhores resultados.COVID-19 has brought a new challenge: dealing with the immediate shift from the classical face-to-face approach to emergency remote teaching (ERT). It has had a relevant impact on the wellbeing and mental health of lecturers around the world, including an increased risk of burnout. A cross-sectional, quantitative, qualitative and analytical study was conducted using an online questionnaire which included participants' sociodemographic characterization, five open-ended questions focused on ERT, and instruments for mental health assessment (CBI for burnout, Resilience Scale, DASS for depression, anxiety and stress, and SWLS for the satisfaction of life). Our findings evidenced high personal burnout levels in 41.2% of participants, 37.3% for work-related burnout and 15.7% for student-related burnout. Satisfaction with life and sleep routine changes were determinants for all the burnout dimensions. Regarding ERT, pedagogical innovation opportunities were pointed out as the main advantages, practical lessons were the most impaired in this online process, followed by isolation and lack of social interaction. ERT is not an effective teaching method for every student in every learning context. Combining the advantages of online and traditional learning methods in a called blended learning, by close collaboration and communication between everyone involved, seems a good option to achieve better results