Da factualidade da multiculturalidade às pedagogias diferenciadas: o papel da mediação Intercultural e sociopedagógica

A multiculturalidade é um facto. E a escola portuguesa é, cada vez mais, multicultural o que a torna mais complexa, aliada à ideia da construção de uma escola para todos. Perante tal facto, as pedagogias multiculturais, por si só, não serão a melhor resposta para a aprendizagem da convivência, para a construção de grupos, comunidades e sociedades mais inclusivas e interculturais. Pelo contrário, podem contribuir para a guetização das diferenças culturais na escola. Por outro lado, a interculturalidade assenta, essencialmente, numa atitude que vê a troca cultural não como empobrecimento das sociedades, mas, bem pelo contrário, como uma maior completude de um pensamento e culturas mais plurais e inevitavelmente mais compósitos e mestiços. A escola enquanto ensina a aprender, mesmo querendo ser neutra, como alguns discursos racionalistas sublinham, nunca o é. Se não quisermos ser cegos, culturalmente, monoculturalistas e impositivos de um único processo civilizatório, teremos de assumir pedagogias interculturais que não destruam identidades, mas que, antes, as reforcem e reconstruam na interação com a alteridade. Tal processo, mais inclusivo que integracionista, passa pela mediação intercultural e sociopedagógica, não só de professores que sejam mais mediadores, mas, também, de técnicos superiores de trabalho social e de mediação socioeducativa a trabalhar, em rede, com outros professores, agentes e instituições da comunidade educativa.