Influência da idade e género na Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2021A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é um dos distúrbios respiratórios do sono mais comuns. É caracterizada pela cessação (apneia) ou redução (hipopneia) do fluxo aéreo nas vias aéreas superiores durante o sono, na presença de esforço respiratório. A prevalência da apneia obstrutiva do sono é frequentemente subestimada, afetando entre 9% a 38% da população adulta em geral, sendo mais elevada nos indivíduos do género masculino e nos idosos. Os sintomas mais comuns durante o sono são o ressonar alto, sensação de asfixia, apneias visualizadas, movimentos corporais bruscos, agitação e despertares frequentes. Quando acordado, as principais queixas referidas são a sensação de sono não reparador, cefaleia matinal, sonolência diurna, fadiga e alterações de humor, da memória e da concentração. O diagnóstico standard é a polissonografia noturna realizada num laboratório de sono. Os Home Sleep Apnea Tests (HSAT) podem ser realizados em determinados doentes, mas são geralmente considerados menos precisos. A pressão positiva contínua das vias aéreas (CPAP) é a primeira linha de tratamento, no entanto, outras modalidades terapêuticas incluem a redução do peso, dispositivos de aplicação oral, estimulação do nervo hipoglosso, farmacoterapia, cirurgia para correção anatómica e até, tratamento adjuvante com cirurgia bariátrica. As diferenças entre géneros são evidentes: as mulheres apresentam uma sintomatologia atípica, menor suscetibilidade de colapso das vias aéreas, menor redução da função pulmonar e diferenças hormonais em comparação com os homens. Em relação à idade: o idoso não tem uma apresentação clínica clássica da doença, apresenta maior colapsibilidade das vias aéreas, défices de múltiplos domínios cognitivos e modificações estruturais e funcionais do cérebro. Concluindo, o estudo das características distintas entre idades e géneros são importantes para uma melhor compreensão da doença e para um diagnostico precoce da mesma que se traduzirá num tratamento mais atempado.Obstructive sleep apnea syndrome (OSAS) is one of the most common sleep-disorder breathing conditions (SDB). It is characterized by cessation (apnea) or reduction (hypopnea) of airflow in the upper airways during sleep, in the presence of breathing effort. The prevalence of obstructive sleep apnea is often underestimated, affecting between 9% and 38% of the adult population in general, being higher in males and in the elderly. The most common symptoms during sleep are loud snoring, gasping/choking sounds, witnessed apnea, sudden body movements and frequent awakenings. When awake, the most frequent symptoms are the sensation of non-restorative sleep, morning headache, daytime sleepiness, fatigue, mood swings and problems with memory and concentration. The diagnostic standard for obstructive sleep apnea is nocturnal polysomnography in a sleep laboratory. Home sleep apnea tests can be performed for certain patients but are generally considered less accurate. Continuous positive airway pressure (CPAP) is the first-line treatment, however, other treatment modalities include weight reduction, oral appliance therapy, hypoglossal nerve stimulation, pharmacotherapy, surgery for anatomical correction and even, adjuvant treatment with bariatric surgery. The differences between genders are evident: women have atypical symptoms, less susceptibility to airway collapse, less reduction in lung function and hormonal differences compared to men. In relation to age: the elderly does not have a classic clinical presentation of the disease, presents greater collapse of the airways, deficits in multiple cognitive domains and structural and functional changes in the brain. In conclusion, the study of distinct characteristics between ages and genders are important for a better understanding of the disease and an early diagnosis for a more timely treatment