Carcinoma epidermoide de reto : desafios do tratamento

Introdução - O carcinoma espinocelular (CEC) primário do reto é uma doença rara. Publicações recentes sugerem que a estratégia conservadora com quimioterapia e radioterapia proporciona resultados satisfatórios, reservando a cirurgia nos casos em que não há resposta ao tratamento ou naqueles recidivados. Objetivo - O objetivo deste trabalho foi descrever o perfil dos pacientes e o tratamento instituído para o manejo do CEC do reto. Métodos - Estudo Retrospectivo descritivo de série de casos, com análise dos prontuários de pacientes com CEC de reto diagnosticados e tratados no Serviço de Coloproctologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2021. Resultados - Doze pacientes foram incluídos nesta Série de Casos. Nos pacientes submetidos à quimiorradioterapia houve resposta completa em quatro pacientes, sendo um desses submetido à ressecção anterior baixa por estenose, obtendo resposta patológica completa, e outros três, com aparente resposta clínica e em seguimento, sem sinais de recorrência locorregional ou à distância. Foram realizadas duas amputações abdominoperineais do reto: uma em um paciente sem resposta ao tratamento quimiorradioterápico e outra, primariamente, em paciente com neoplasia sincrônica, com óbito devido a complicações clínicas. Dos seis pacientes que apresentaram progressão de doença após o tratamento quimiorradioterápico, houve três óbitos; um paciente em cuidados paliativos; um suporte clínico exclusivo; e um em acompanhamento com exames de imagem. Um paciente realizou tratamento quimiorradioterápico irregular com necessidade de derivação intestinal por obstrução intestinal e perda de seguimento. Conclusões - Esta série demonstrou boa resposta à quimiorradioterapia em < 50% dos pacientes com quimiorradioterapia, com significativa progressão de doença devido à presença de neoplasia avançada ao diagnóstico. Devido à raridade da patologia é difícil a realização de estudos e ensaios clínicos comparativos padronizados, representando um importante desafio de tratamento. A cirurgia de resgate é importante no arsenal terapêutico naqueles pacientes que não respondem ao tratamento ou que apresentam recidiva.Introduction - Primary squamous cell carcinoma (SCC) of the rectum is a rare disease. Recent publications suggest that the conservative strategy with chemotherapy and radiotherapy provides satisfactory results, reserving surgery in cases where there is no response to treatment or in those who relapse. Objective - The objective of this study was to describe the profile of patients and the treatment instituted for the management of SCC of the rectum. Methods - A descriptive retrospective study of a case series, analyzing the medical records of patients with rectal SCC diagnosed and treated at the Coloproctology Service of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre, from January 2017 to December 2021. Results - Twelve patients were included in this Case Series. In patients undergoing chemoradiotherapy, there was a complete response in four patients, one of whom underwent low anterior resection due to stenosis, obtaining a complete pathological response, and another three, with an apparent clinical response and in follow-up, without signs of locoregional or distant recurrence. Two abdominoperineal amputations of the rectum were performed: one in a patient with no response to chemoradiation therapy and the other, primarily, in a patient with synchronous neoplasia, who died due to clinical complications. Of the six patients who showed disease progression after chemoradiotherapy treatment, there were three deaths; a patient in palliative care; an exclusive clinical support; and one in follow-up with imaging tests. One patient underwent irregular chemoradiotherapy, requiring intestinal diversion due to intestinal obstruction and loss of follow-up. Conclusions - This series demonstrated a good response to chemoradiotherapy in < 50% of patients with chemoradiotherapy, with significant disease progression due to the presence of advanced neoplasia at diagnosis. Due to the rarity of the pathology, it is difficult to carry out standardized comparative studies and clinical trials, representing an important treatment challenge. Rescue surgery is important in the therapeutic arsenal in those patients who do not respond to treatment or who have relapse